Entenda a importância dos medicamentos na obesidade

Postado em 02/12/2023 às 09h:00

De início, é importante entendermos que, embora a dieta, a atividade física e as modificações comportamentais sejam os pilares do controle de peso, a perda de peso obtida apenas por modificações no estilo de vida é limitada e difícil de se manter a longo prazo (muito por causa das alterações inerentes ao processo que ocorrem no gasto energético e no apetite).

A farmacoterapia no tratamento da obesidade pode ser considerada se os pacientes tiverem um índice de massa corporal (IMC) de 30 kg/m² ou maior, ou então um IMC de 27 kg/m² ou maior com comorbidades relacionadas ao excesso de peso.

Os seis medicamentos antiobesidade mais utilizados são a Fentermina, o Orlistat, a combinação de Fentermina com Topiramato, a Lorcaserina (que já foi proibida), a combinação de Naltrexona com Bupropiona e a Liraglutida de 3,0mg (que está cada vez mais sendo substituída pela Semaglutida e a Dulaglutida).

É importante que os provedores de cuidados primários estejam familiarizados com a farmacoterapia disponível para os pacientes que não podem perder peso e sustentar a perda de peso apenas com intervenções no estilo de vida (dieta e exercício físico, principalmente). A farmacoterapia bem sucedida para a obesidade depende da adaptação do tratamento aos comportamentos e comorbidades dos pacientes, bem como ao monitoramento rigoroso da eficácia, segurança e tolerabilidade da medicação escolhida.

Os fármacos utilizados para o tratamento da obesidade podem ser classificados em quatro grandes grupos, aquelas que diminuem a ingestão energética (supressores de apetite), aquelas que alteram a diferenciação do adipócito (convertendo a célula adiposa branca em célula adiposa marrom), aquelas que aumentam o gasto energético e aquelas que irão minimizar a restrição calórica (é mimetizada pelos análogos de sirtuinas).

Quanto aos supressores de apetite, nós temos os inibidores das vias orexígenas (como os antagonistas do NPY, antagonistas do receptor MCH-1, antagonistas orexígenos, antagonistas da galantina, antagonistas da grelina) e temos os estimuladores da via anorexígena (como os análogos de GLP-1, e mais vários outros que, entretanto, ainda estão em fase de estudos).

Quanto aos que agem aumentando o gasto energético, esses podem ser aqueles que aumentam a termogênese (como os hormônios da tireoide, os agonistas beta-adrenérgicos, os análogos do hormônio do crescimento e os agonistas do receptor B3), ou podem ser aqueles que modulam o metabolismo (como as que inibem a formação dos triglicérides, e aí temos os inibidores da acetil- carboxilase-2, temos os inibidores da hidroxiesteroide-desidrogenase-1; e aqueles que aumentam a oxidação lipídica).

O medicamento Orlistat/Xenical tem uma eficácia média, com chance de sucesso média e custo- efetividade também médio, pois tem bastante efeito colateral (diarreia, má absorção de alguns nutrientes e gases). Além dele, nós temos também a Sibutramina, que tem uma eficácia questionável, com chance de sucesso a longo prazo baixa, com efeitos cardiovasculares negativos e desconforto físico de forma geral (sensação de angústia típico das anfetaminas, apesar da sibutramina não ser uma anfetamina propriamente dita, porém ela atua como se fosse).

Nós também temos o Rimonabant, que é um derivado canabinoide (ele se liga nos receptores canabinóides no organismo), com eficácia média, porém com chance de sucesso baixa no longo prazo pois traz desordens psicóticas (aumenta o risco para suicídio).

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Por fim, pensando agora na farmacoterapia para obesidade com diabetes mellitus do tipo 2, nós temos a Metformina e as Biguanidas de forma geral (que têm uma eficácia mais fraca/média), mas também temos as Tiazilodionas (TZDs), os Inibidores das Glicosidases (que têm efeito bem baixo), as Sulfoniureias (que irão funcionar como secretagogos de insulina, mas também é bem fraca), os Análogos de GLP-1 e, atualmente, temos também alguns grupos dessas medicações que são bem potentes na perda de peso.

Texto por: Pietra Fogaça – Nutricionista

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