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Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

Insulinoterapia: tudo que você precisa saber

Postado em 16/08/2023 às 17h:20

insulinoterapia, ou apenas “tratamento com o uso de insulina”, nada mais é do que o uso do hormônio exógeno insulina, com a finalidade de normalizar os níveis de glicose no sangue (glicemia).
Em geral, quem mais necessita desse tipo de tratamento é o paciente com o diabetes mellitus tipo 1, ainda que, em casos mais avançados, muitos pacientes com diabetes mellitus tipo 2 também acabam tendo que fazer o uso desse hormônio externo.

Primeiramente, é necessário entendermos um pouco sobre a história da insulina e sobre como ela foi produzida até chegar nas mãos de inúmeros indivíduos que hoje dependem dela diariamente.

As primeiras pesquisas relacionadas ao tema datam de 1889, após a retirada do pâncreas de um cão, onde foi observado insetos pousando na urina dele, indicando a presença de glicosúria (também chamada de “produção de urina doce”, ou seja, havia muita glicose na urina), o que está associado com desregulações glicêmicas.
Após, as ilhotas de Langerhans (ou “ilhotas pancreáticas”) foram descobertas e, com isso, também foi visto que a sua destruição implica em diabetes mellitus. Ou seja, não ter essas células foi associado com a não produção de alguma substância – que mais tarde viria a ser a insulina – culminaria em níveis elevados de açúcar no sangue. No entanto, foi apenas no final de 1921 que o bioquímico James Collip conseguiu isolar a insulina em uma forma mais estável, o que tornou possível o uso desse extrato pancreático em humanos.

Atualmente, como fruto de diversas pesquisas e trabalhos científicos, contamos com muitos tipos de insulina, tanto as de ação curta quanto as de ação longa, até porque o pâncreas saudável não secreta insulina de apenas uma maneira. Na realidade, o pâncreas libera insulina de duas formas: insulina basal e insulina prandial (bolus).
A basal é liberada em gotas contínuas ao longo do dia e, por isso, está presente em níveis baixos no sangue o tempo inteiro, sendo muito importante para regular a glicose durante o sono.
A prandial, por outro lado, é liberada em grandes quantidades quando ocorre uma refeição, caindo após.

Leia também: Entendendo o diabetes

No caso do paciente com diabetes tipo 1, como ele não tem a produção de insulina, é necessário que inicie o tratamento com insulina logo após o diagnóstico, a fim de evitar principalmente o quadro de cetoacidose diabética (que pode levar à morte). Esse paciente será tratado com injeções diárias de insulina basal e prandial, ou por infusão subcutânea contínua de insulina.

Há diversos análogos de insulina basal, e esses têm duração mais longa, imitando aquela secreção em gotas contínuas ao longo do dia, que o pâncreas saudável faria. A insulina prandial deve ser utilizada antes das refeições, e o tempo a ser utilizado antes vai depender se é um análogo rápido ou ultrarrápido.

No paciente com diabetes tipo 2 a situação muda um pouco, pois ele pode ainda produzir alguma quantidade de insulina, ainda que menor. Em geral, a introdução do uso da insulina, nesses pacientes, só ocorre quando o tratamento com fármacos antidiabéticos orais não está mais sendo efetivo.

A insulinoterapia nesse paciente é muito variável, e a frequência de doses depende muito da glicemia de jejum desse paciente, por isso é recomendado que realize a glicemia capilar antes do café da manhã, de forma a ajustar a dose corretamente.

Em ambos os casos, é necessário que esses pacientes sejam muito bem-educados pelo médico e pelo nutricionista, pois provavelmente terão que realizar a contagem de carboidratos e o cálculo da dose necessária de aplicação, principalmente os com diabetes tipo 1.
A contagem de carboidratos nada mais é do que uma estratégia nutricional que visa encontrar o equilíbrio entre a glicemia, a quantidade de carboidrato ingerida e a quantidade de insulina necessária.

A quantidade de insulina ultrarrápida (bolus) será aplicada de acordo com o que o indivíduo irá consumir e, para isso, ele deve estimar a quantidade de carboidrato total que terá na refeição. A regra geral é que 1 unidade de insulina será utilizada para cobrir 15 gramas de carboidrato ingerido, o que equivale a 1 maçã pequena. Entretanto, esse bolus é individual e pode variar ao longo do dia.

Para conhecer a relação insulina-carboidrato do paciente em específico, é importante medir as glicemias antes e duas horas após as refeições (após a primeira garfada). Ou seja, não se trata de algo simples e de fácil adesão, por isso devemos ensinar muito bem os nossos pacientes, de forma que o tratamento realmente seja efetivo e o risco de complicações crônicas do diabetes seja diminuído.

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

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