Melatonina como pré-treino: faz sentido seu uso?
Postado em 10/10/2025 às 11h:45
A melatonina é um hormônio naturalmente produzido pela glândula pineal, amplamente reconhecido por seu papel na regulação do sono e do ritmo circadiano. No entanto, atualmente, seu uso tem despertado o interesse de alguns praticantes de atividade física, especialmente quando associada a protocolos de pré-treino.
Usar melatonina como pré-treino com o objetivo de aumentar o GH (hormônio do crescimento) é um equívoco clássico de quem confunde mecanismo fisiológico com resultado prático. É verdade que a melatonina participa da liberação noturna de GH — mas isso ocorre durante o sono profundo, em um contexto de repouso metabólico e baixa atividade simpática, exatamente o oposto do que acontece durante o exercício físico.
Pesquisas recentes ainda são inconclusivas quanto aos reais benefícios ergogênicos da melatonina em doses pré-treino. A maior parte das evidências aponta seus efeitos positivos quando usada no período noturno, para otimizar a recuperação e o equilíbrio hormonal.
Estudos indicam que doses de 3 a 5 mg de melatonina podem, de fato, elevar o GH em cerca de 50 a 200%, um aumento modesto e transitório, sem impacto significativo sobre o desempenho, a composição corporal ou a hipertrofia. Para comparação, o exercício intenso pode elevar o GH entre 500 e 2000% acima do basal, e mesmo assim esse pico não é determinante para o ganho de massa muscular.
Vale lembrar que nem o GH exógeno isolado promove hipertrofia relevante. Seus efeitos anabólicos são modestos e só se tornam perceptíveis quando combinados a androgênios e insulina.
Em conclusão, o uso de melatonina como pré-treino carece de fundamentação prática e científica sólida. Embora esse hormônio esteja envolvido na liberação noturna de GH, seus efeitos ocorrem em um ambiente fisiológico completamente distinto do exercício físico. A tentativa de reproduzir esse mecanismo antes do treino não apenas é ineficaz, como pode contrariar o próprio propósito da substância, que é promover relaxamento e induzir o sono. Assim, o papel da melatonina permanece mais relevante na otimização do sono e da recuperação, e não como uma estratégia direta de melhora de desempenho ou estímulo anabólico. O descanso continua sendo o momento em que a melatonina realmente cumpre seu papel fisiológico.
Conteúdo extraído da publicação do professor Me. Dudu Haluch.
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