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Mitos relacionados ao fisiculturismo

Postado em 07/10/2024 às 13h:00

Em um primeiro momento, você deve saber do que se trata o fisiculturismo, certo? Fisiculturismo é uma prática esportiva dedicada ao desenvolvimento dos músculos do corpo através do treinamento de resistência e de dietas específicas. Este esporte é caracterizado por competições onde os participantes são avaliados em diversas categorias com base na simetria, definição muscular, proporção e apresentação geral. O fisiculturismo exige disciplina extrema no treinamento físico, na dieta nutricional e na gestão do estilo de vida para alcançar os resultados desejados.

O mundo do fisiculturismo, assim como muitos outros, é cercado por mitos que podem gerar confusão e até mesmo prejudicar quem deseja alcançar seus objetivos. É crucial desmistificar essas crenças infundadas para que os praticantes possam ter uma visão realista e embasada do esporte. O ex árbitro Internacional da Federação Internacional de Fisiculturismo e Fitness, IFBB, ex atleta e professor André Pierin esclareceu algumas dessas convicções.

Mito 1 – Beber leite engrossa a pele

Essa é uma daquelas lendas urbanas que muitos treinadores e atletas preferem seguir, porém que não possui argumentação científica alguma, tampouco experiência prática que nos leve a associar beber leite com uma maior dificuldade em definir o físico numa preparação pré-competição.

A grande questão é que esse e outros pensamentos estão tão impregnados no imaginário dos treinadores e atletas, que por via das dúvidas preferem não arriscar. Existem sim, muitos atletas que não o consomem leite devido às dietas em geral, e para dar preferência a fontes de proteína sólidas como carne, ovos, frango. Quando líquidas utilizam suplementos como whey protein, onde com uma quantia menor ingerida consomem mais proteínas e menos gorduras.

Na maioria das vezes tanto o leite quanto os derivados acabam não constando na dieta, por uma simples questão de otimização calórica ou até mesmo preferindo não ir contra essa prática tão enraizada no cenário. É muito comum também alguns atletas possuírem intolerância à lactose e preferirem não utilizar nada que possa gerar desconforto.

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Mito 2 – Tomar água destilada na finalização

Outro mito relacionado ao mundo do fisiculturismo, embora hoje em dia muito pouco utilizada em relação há algum tempo atrás, porém ainda exista alguns treinadores e atletas que defendam a prática: Tomar água destilada (que é totalmente isenta de sais minerais) por conta de não ter sódio e com isso conseguir uma melhor definição.

Pois bem, esse mito acompanha outra lenda muito comum que é a de restringir e cortar totalmente o sódio por períodos que podem variar de um ou mais dias, e com isso a esperança de ter um melhor resultado baseado na premissa muito simplista em se pensar que “sódio retém líquidos”.

Atualmente, há ampla concordância de que o método não demonstra eficácia, conforme indicado por testes práticos e pela literatura científica. No entanto, como em muitas outras questões do fisiculturismo, não há estudos diretos que sugiram que a água sem sais minerais seja benéfica para o processo de emagrecimento.

No fisiculturismo, a mente aberta e o respeito pelo empirismo de atletas experientes são fundamentais. No entanto, isso não significa que suas estratégias sejam infalíveis. É crucial analisar criticamente os métodos utilizados, pois nem sempre o que funciona para um indivíduo terá o mesmo efeito em outro. A possibilidade de que algumas estratégias se baseiem em premissas falsas ou ineficazes deve ser sempre considerada.

Mito 3 –  Não comer frutas pré campeonato

Outro mito ainda bastante comum entre treinadores e atletas de fisiculturismo é a crença de que os atletas devem evitar frutas devido ao açúcar das frutas (frutose), o qual supostamente atrapalha a queima de gordura. Para isso, eliminam totalmente qualquer fonte de carboidratos que forneça energia imediata, optando apenas por carboidratos complexos de baixo índice glicêmico, na tentativa de evitar o estímulo da insulina e assim bloquear a capacidade do organismo de queimar gordura. No entanto, cada vez mais vemos campeões nos palcos que contradizem essa crença, demonstrando que essa suposição não é verdadeira.

Mas a grande verdade é que isso não tem sustentação alguma na literatura científica, tampouco na parte empírica, visto que muitos treinadores tem usado frutas até os dias que antecedem a competição (por exemplo o mamão para facilitar a digestão, pois nessa época geralmente devido a alta quantidade de amidos presentes e baixas fibras muitos atletas acabam tendo constipação intestinal)

Cada vez mais o que parece ser mais efetivo é a contabilidade calórica total versus o gasto, onde se é mais assertivo pensar a respeito do déficit da balança calórica, e com isso utilizar um espectro maior de possibilidades de alimento do que se pensava até tempos recentes, onde o baixo número de opções tornava até mais difícil a adesão do atleta no programa, sem contar as questões de saúde intestinal, e até de ter um certo prazer por saborear a fruta, visto que o atleta já está em déficit e muito cansado devido toda a rotina de treinamentos e o que compreende a finalização para um campeonato de fisiculturismo.

Por fim, em vez de se concentrar em mitos e restrições desnecessárias, atletas e treinadores devem buscar orientação profissional qualificada para desenvolver um plano alimentar adequado e alcançar seus objetivos de forma saudável e sustentável.

André Pierin


SOBRE O AUTOR:
André Pierin, também conhecido como André Pajé é ex atleta fisiculturista e ex Campeão Paranaense de Fisiculturismo. Ex árbitro internacional da Federação Internacional de Fisiculturismo e Fitness (IFBB).
Atua como professor, coordenador e é um dos fundadores do curso de pós-graduação de Bodybuilding Coach chancelado pela Faculdade UNIGUAÇU.

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