Uso de isotretinoína causa depressão?
Postado em 14/11/2025 às 09h:55
A isotretinoína é um medicamento amplamente utilizado no tratamento da acne severa, conhecida por sua eficácia no combate às lesões inflamatórias e na melhora da qualidade da pele. No entanto, ao longo dos anos, surgiram discussões e preocupações sobre possíveis efeitos colaterais relacionados à saúde mental, em destaque para quadros depressivos. Mas será que a Isotretinoína causa depressão?
Foi realizada uma revisão sistemática incluindo ensaios controlados ou prospectivos não controlados em pacientes com acne recebendo tratamento com isotretinoína (ISoT).
Nos estudos controlados, a mudança nos escores de depressão desde o início do estudo, não foi significativamente diferente entre os pacientes que receberam tratamento com ISoT e aqueles que receberam um tratamento alternativo.
Esta relação vem da observação entre o uso de ISoT e o aparecimento de uma síndrome depressiva que inclui depressão franca e também ideação suicida.
Uma vez que atravessa a barreira hematoencefálica, a ISoT afeta a expressão de um amplo espectro de genes nas estruturas límbicas, afetando a função dos neurônios dopaminérgicos, serotonérgicos e noradrenérgicos envolvidos na regulação do humor e da emoção.
Foi sugerido que a ISoT em altas concentrações inibe a neurogênese no hipocampo e induz a apoptose das células do hipocampo. No entanto, alguns estudos não confirmam este papel patogênico, e foi até relatado que a ISoT tem um efeito terapêutico na depressão associada à acne, uma vez que diminui o sofrimento causado pelas lesões da doença em atividade.
Cabe salientar que a literatura ainda carece de mais investigações sobre esta relação, e que profissionais prescritores precisam estar atentos a qualquer surgimento de sintomas depressivos para adaptação do tratamento.
O tratamento com roacutan parece não estar associado a um risco aumentado de depressão.
Artigo escrito por: Dra. Tatiany Faria – PhD | Professora | Pesquisadora
Referências:
📝Yu-Chen Huang et al. J Am Acad Dermatol. 2017 Jun.
📝Alena Borovaya et al. Int J Dermatol. 2013 Sep.
SOBRE A AUTORA:
Graduada em Farmácia (2002), Mestre em Ciências Farmacêuticas (2005), Doutora em Farmacologia (2009) e Pós-doutora em Farmacologia (2012), títulos conquistados pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
Atualmente, é coordenadora da pós-graduação em Hormonização, Nutrição e Treinamento Feminino na Faculdade UNIGUAÇU, diretora científica Muscle Definition e palestrante.
