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Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

O que ocorre no corpo durante o emagrecimento?

Postado em 12/09/2023 às 17h:06

Quando ingerimos carboidratos pela dieta, nós digerimos esse macronutriente e formamos glicose. Se ingerimos proteínas, a digestão forma aminoácidos e, se ingerimos gorduras, a digestão formará ácidos graxos e glicerol. Para que tudo isso vire energia, é necessário que se transformem em um composto central chamado de “Acetil-CoA” ou intermediários do ciclo de Krebs (os aminoácidos fazem bastante isso). Esse composto central faz com que o ciclo “rode” e forme ATP, que é a nossa moeda energética para basicamente qualquer processo do corpo. Quanto mais ATP eu gasto frente a minha ingestão de alimentos (nós ingerimos macronutrientes que irão virar ATP), maior será o meu emagrecimento (perda de gordura corporal).

Entendendo isso, conseguimos entender também que o processo de emagrecimento nada mais é do que um processo de CATABOLISMO. Ou seja, é um processo que visa transformar uma molécula grande e transformar em uma molécula pequena. 

Em resumo, nós estamos catabolizando o nosso tecido adiposo quando estamos em emagrecimento, pois estamos diminuindo a quantidade de triglicerídeo estocado no nosso tecido adiposo, já que estamos pegando esses triglicerídeos para utilizar como energia (ATP).

Mas isso também pode ocorrer no tecido muscular através das proteínas musculares, de forma a catabolizar esse tecido e liberar os aminoácidos destas proteínas para realizar alguma outra ação no organismo. Quando estou catabolizando, estou gastando mais ATP do que estou ingerindo, com consequente diminuição de um tecido (não necessariamente apenas gordura corporal).

O processo de contração muscular, que fazemos em exercícios físicos como levantamento de peso, gasta energia e, consequentemente, o ATP (adenosina trifosfato) vira ADP (adenosina difosfato), o que caracteriza um estado em que estou catabolizando.

Muitos acreditam que a insulina é a culpada pelo ganho de peso e/ou dificuldade no processo de emagrecimento, mas isso não é verdade. Quando temos uma ingestão calórica excessiva, a longo prazo, nós iremos aumentar as células de gordura (adipócitos) e isso irá piorar a sensibilidade à insulina nessas células. Ou seja, o tecido adiposo ficará menos sensível à insulina. No entanto, em um indivíduo com boa sensibilidade à insulina (com tecido adiposo funcional), ou seja, a insulina se liga bem ao seu receptor nessas células, e aí terei boa captação de glicose, síntese de gordura e inibição de lipólise, que são os efeitos esperados e adequados desse hormônio nesse cenário.

Entretanto, no caso do tecido adiposo disfuncional – que há maior inflamação e maior tamanho por ter excesso de triglicerídeos -, ele capta menos insulina e, consequentemente, menos captação de glicose, menos geração de gordura no adiposo e mais lipólise (pois a insulina não consegue entrar ali e, consequentemente, se ela não entra ela não impede a quebra da gordura, o que culmina em uma ida dessa gordura à CORRENTE SANGUÍNEA, o que não é nada interessante).

É necessário déficit calórico para essa gordura no sangue virar energia, mas, nesse caso de inflamação e superávit calórico, obviamente não será isso que ocorrerá… Logo, essa gordura que está em excesso no sangue, será inflamatória. Além disso, como o tecido adiposo não está conseguindo captar glicose pelo mau funcionamento do receptor de insulina, teremos mais glicose na corrente sanguínea, causando desbalanços glicêmicos e te colocando em risco para o surgimento de um quadro de resistência a ação da insulina de forma sistêmica e, futuramente, pode ocorrer o desenvolvimento de diabetes tipo 2.

Um paciente com diabetes tipo 2 pode ter um defeito no receptor de insulina, dificultando com que o GLUT-4 vá para a membrana, tanto no tecido adiposo quanto no tecido muscular.
Consequentemente, a captação de glicose nesse paciente será menor. E é exatamente por isso que, principalmente para o paciente com diabetes, o exercício físico é muito interessante, já que essa prática acaba estimulando o transporte do GLUT-4 até a membrana, facilitando a captação de glicose e redução da glicemia.

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

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