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Cortar carboidratos é realmente necessário para emagrecer?

Postado em 24/10/2024 às 16h:05

Se estratégias para emagrecimento fazem parte da sua rotina profissional, acompanhe este texto até o fim. O conteúdo de hoje é uma das muitas contribuições do Me. Dudu Haluch para a área de nutrição, trazendo um dos maiores mitos do emagrecimento: a ideia de que é necessário cortar os carboidratos para emagrecer. Vamos entender: Ao cortar carboidratos, você reduz as concentrações de insulina, hormônio que, teoricamente, favorece o ganho de gordura e dificulta a perda de gordura. Isso parece bonito, mas é uma interpretação pouco criteriosa.

A principal função da insulina é controlar os níveis de glicose na corrente sanguínea, aumentando a captação de glicose pelas células do músculo esquelético e do tecido adiposo por meio do aumento do deslocamento dos transportadores de glicose GLUT-4 do interior da célula para a sua superfície. Além de aumentar a captação de glicose pelas células, a insulina também exerce uma série de outros efeitos sobre o nosso metabolismo, como estimular a oxidação de carboidratos (glicólise) e o armazenamento do carboidrato como glicogênio, estímulo da síntese proteica muscular e inibição da degradação proteica muscular (efeito anticatabólico). A insulina também aumenta a captação de ácidos graxos (gordura) pelo tecido adiposo e a síntese de ácidos graxos a partir do excesso de carboidratos e proteínas (lipogênese). Esse efeito da insulina ocorre logo após as refeições e favorece o ganho de gordura quando o indivíduo está em superávit calórico.

Apesar da lipogênese contribuir para o acúmulo de gordura, a insulina favorece o acúmulo de gordura, principalmente por meio da inibição da lipólise (mobilização de gordura) e da oxidação de ácidos graxos (queima de gordura).  A insulina inibe a enzima lipase hormônio sensível (LHS), responsável pela quebra dos triacilgliceróis em ácidos graxos e glicerol (lipólise). Então, parece que estimular a insulina não é uma boa ideia.

Segundo alguns blogueiros, defensores da dieta low carb, existem alimentos que bloqueiam a queima de gordura, enquanto outros alimentos o indivíduo pode consumir e continuar perdendo gordura. Ainda de acordo com eles, alguns alimentos, como tapioca e pão, bloqueiam a queima de gordura por aumentar os níveis de glicose e insulina, enquanto comer bacon e outros alimentos ricos em proteínas e gorduras não prejudica a perda de gordura, já que esses alimentos não elevam os níveis de glicose e insulina. Isso é considerado uma distorção grosseira da fisiologia.

Uma pergunta simples: “o que acontece com as calorias do bacon?” Mesmo que a queima de gordura seja maior com dieta low carb, essa gordura perdida é recuperada quando se ingere muita gordura, por isso, o déficit calórico continua sendo fundamental.

Quando a dieta tem uma maior quantidade de carboidratos, nosso corpo prioriza eles como fonte de energia e isso é feito pelo direcionamento da insulina, que favorece a oxidação e armazenamento de carboidratos, enquanto inibe a mobilização (lipólise) e oxidação de gordura. Sendo assim, uma dieta com menor quantidade de carboidratos também terá menores níveis de insulina, favorecendo a oxidação de gordura. Ou seja: dietas restritivas em carboidratos queimam mais gorduras, mas será que queimar gordura significa perder gordura?

Vamos lá. Novamente, mesmo que a queima de gordura seja maior em dietas mais restritivas em carboidratos, a perda de gordura (emagrecimento) depende de quanto o indivíduo ingere e do saldo calórico, já que boa parte da gordura consumida pela alimentação vai para o tecido adiposo. Ou seja, se o indivíduo tem uma dieta rica em gordura, sem estar em déficit calórico, toda gordura que for queimada durante parte do dia será recuperada com o elevado consumo durante as refeições, não importando se essa dieta eleva menos a insulina.

Leia também: Existe treino ideal para queimar gordura?

Muitas pessoas alegam perder muita gordura fazendo low carb ou cetogênica, porque mesmo sem contar calorias elas conseguem ficar em déficit calórico. Isso acontece, pois aumentando o consumo de alimentos ricos em proteínas e gorduras, ocorre facilmente  uma redução do apetite, o que leva o indivíduo a reduzir naturalmente seu consumo calórico. Portanto, a escolha de um alimento em si não vai fazer alguém perder mais ou menos gordura, mas uma mudança drástica na alimentação pode, obviamente, influenciar drasticamente a ingestão calórica e, consequentemente, fazer o indivíduo consumir mais ou menos calorias.

Embora a quantidade de carboidratos não seja um diferencial para o emagrecimento, a qualidade dos alimentos fontes de carboidrato é muito importante e pode influenciar o processo de emagrecimento. Carboidratos processados com baixo teor de fibras são chamados de carboidratos refinados (arroz branco, pão branco, macarrão, biscoitos e doces). Os carboidratos refinados geralmente possuem alto IG, portanto, possuem rápida digestão e absorção, promovendo uma rápida elevação dos níveis de glicose e da insulina, dificultando o controle do apetite. Enquanto os carboidratos refinados e açúcares podem dificultar o emagrecimento, os carboidratos integrais, mais ricos em fibras, podem contribuir para o emagrecimento por aumentarem a saciedade.

Frutas, vegetais e leguminosas (feijão) também facilitam o processo de emagrecimento. São alimentos de baixa densidade calórica, ricos em fibras, e facilitam o controle do apetite. Aumentar a ingestão desses alimentos tem potencial para ajudar no emagrecimento, pois acaba por reduzir o consumo de outros alimentos hiperpalatáveis e mais calóricos (fast food e alimentos ultraprocessados).

Esperamos que este conteúdo tenha despertado alguns questionamentos e novos olhares para o emagrecimento.

Conteúdo escrito por: Felipe Gomes – Redator na Faculdade UNIGUAÇU

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