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Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

O papel dos macronutrientes no metabolismo

Postado em 28/10/2024 às 17h:35

Os macronutrientes são, basicamente, os carboidratos, as proteínas e as gorduras, e cada um desses é metabolizado de uma maneira diferente. Você sabe como? A principal função dos carboidratos é fornecer energia através das vias aeróbias (nos processos de glicólise e ciclo de Krebs, respectivamente). Além disso, também são utilizados para a produção de lipoproteína no fígado (VLDL), e armazenados na forma de glicogênio (tanto no músculo quanto no fígado) sendo convertido em gordura quando em excesso – o excesso de carboidratos irá se transformar em gordura no fígado pois o estoque de glicogênio já foi reparado e você já está com energia suficiente. Essa gordura no fígado não é interessante e, por isso, seu corpo exporta ela na forma de VLDL, até estocar no tecido adiposo (que é o local correto para o armazenamento).

De forma oposta, quando estamos em jejum alimentar, estamos fazendo o processo de GLICOGENÓLISE, ou seja, estamos degradando aquele glicogênio que está no fígado para conseguir manter a glicemia estável – precisamos disso para não entrar em coma. Além disso, o nosso corpo também realiza o processo de GLICONEOGÊNESE, que consiste em transformar os aminoácidos (que vieram das proteínas), o glicerol (que veio da gordura estocada) e o lactato (que veio do músculo, por exemplo) e fazer a glicose. Ou seja, o corpo tenta manter a glicemia estável através desses processos de geração de glicose.

Há também a macronutriente proteína, que é degradada (“quebrada”) na forma de aminoácido – podendo ser essenciais ou não essenciais. Os essenciais são aqueles que o nosso corpo não consegue produzir sozinho e, dessa forma, precisam ser ingeridos através da dieta. Os não essenciais são o oposto, pois nosso corpo os produz em quantidades corretas, em indivíduos saudáveis.

A maioria desses aminoácidos irão realizar o processo de síntese proteica, mas isso não quer dizer que isso vá para o músculo, boa parte desses aminoácidos vai para o intestino e para o fígado produzir proteínas por exemplo. Ademais, os aminoácidos também podem servir como fonte de energia quando em excesso, ou seja, proteína também pode virar gordura (ainda que seja mais difícil).

Quando estamos em jejum, o nosso corpo estará degradando proteínas do corpo, mas não apenas proteínas musculares. O nosso corpo tem proteínas em inúmeros locais, e mesmo se perdêssemos só proteína do músculo, isso não significa perder MASSA MUSCULAR. Isso acontece pois, se você pode ingerir mais proteína depois, você irá repor essa proteína que foi utilizada como fonte de energia no jejum. Ou seja, perder massa muscular é um processo CRÔNICO, e não ocorre por ficar algumas horas sem comer. Mais um item importante a analisar é que as proteínas podem se transformar em glicose através da gliconeogênese.

Outro macronutriente que temos é a gordura, que é absorvida na forma de ácido graxo e triacilglicerol (que nada mais é do que três ácidos graxos e um glicerol) ou também na forma de colesterol dietético. O primeiro destino da gordura ingerida é virar estoque de gordura, ao contrário do que muitos pensam. Outra função importante da gordura é que o colesterol – tanto aquele que foi ingerido pela dieta quanto aquele que é produzido pelo organismo – pode produzir hormônios, como a testosterona, a aldosterona, o cortisol etc. Esse colesterol também pode formar componentes de membrana na bicamada lipídica da membrana celular.

Quando estamos em jejum, o nosso corpo quebra bastante a gordura, ou seja, faz bastante LIPÓLISE e, consequentemente, o nosso corpo consegue ter energia para realizar seus processos vitais. Essa energia que vem do tecido adiposo implica em perda de gordura corporal, porém isso não significa que estamos EMAGRECENDO, pois depois disso você irá comer. Logo, se você comer mais do que gastou durante aquele jejum, você irá ganhar gordura. Ou seja, o que importa é o que você fez ao longo de um período relevante.

Os ácidos graxos da gordura viram energia através do processo de beta oxidação, em que eles viram acetil-coa, que é o composto que entra no ciclo de Krebs para fazer ATP (nossa moeda energética) depois na nossa mitocôndria. Vale lembrar que os carboidratos também fazem isso, afinal a glicose também vira piruvato, que vira acetil-coa e esse vai gerar energia no ciclo do ácido cítrico. Os aminoácidos também podem virar energia, pois eles podem formar acetil-coa e também podem formar intermediários do ciclo de Krebs. No entanto, o principal papel da proteína é realizar a síntese de proteínas.

Pode te interessar também: Tudo sobre o metabolismo dos carboidratos

Em resumo, se estivermos ingerindo mais energia do que o nosso corpo gasta, de forma rotineira, nós iremos ganhar gordura inevitavelmente. De forma contrária, se estivermos ingerindo menos do que gastamos, o nosso corpo será obrigado a tirar energia de algum lugar e, assim, iremos emagrecer (perder gordura corporal).

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

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