Por que dietas muito restritivas costumam falhar?
Postado em 10/07/2025 às 16h:45
A busca pelo emagrecimento rápido ainda domina a mentalidade de muitos pacientes e, infelizmente, também de alguns profissionais. Estratégias com cortes agressivos de calorias, longos períodos de déficit energético e protocolos extremamente rígidos podem até gerar perda de peso inicial. Mas a que custo?
É preciso prestar atenção a um dos principais efeitos colaterais dessas abordagens: a perda da aderência e o aumento da compulsão alimentar após a restrição. Dietas muito restritivas levam o organismo a uma resposta adaptativa de sobrevivência, que pode sabotar os próprios resultados obtidos.
Essa resposta envolve múltiplos mecanismos fisiológicos. Entre os principais:
- Redução do gasto energético total: o corpo entra em modo de economia de energia, diminuindo o metabolismo basal, o gasto com atividade espontânea (NEAT) e até a termogênese alimentar;
- Aumento de hormônios orexígenos (como a grelina): que estimulam a fome, especialmente por alimentos hipercalóricos;
- Queda de leptina e outras vias anorexígenas: dificultando a saciedade e favorecendo a ingestão alimentar descontrolada após o período de dieta.
Vale destacar que essa combinação é o terreno ideal para o desenvolvimento de episódios de compulsão, perda de controle alimentar e, frequentemente, reganho de peso – o famoso efeito rebote. E isso não é apenas uma falha de força de vontade, mas sim uma resposta programada pelo próprio corpo.
E o que fazer, então?
A saída está no planejamento nutricional individualizado e sustentável. Estratégias como dieta flexível, ciclos de déficit calórico com períodos de manutenção (diet breaks) e o uso estratégico de refeed days podem ajudar a minimizar as respostas negativas da restrição crônica. Além disso, trabalhar aspectos comportamentais e educacionais do paciente é essencial para manter a aderência a longo prazo.
A prescrição nutricional não deve ser baseada apenas na matemática do déficit calórico, mas sim no equilíbrio entre resultado, saúde metabólica e estabilidade emocional.
Considerações finais
Emagrecer não deveria ser uma corrida de curto prazo, mas um processo de reeducação e adaptação fisiológica. Como profissionais, nosso papel é conduzir o paciente por um caminho eficiente, mas acima de tudo, sustentável.
Dietas muito restritivas, embora tentadoras, são um atalho para o fracasso. E a ciência já nos mostrou: o corpo cobra – e com juros.
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