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Caneta Olire: para que serve, como funciona e qual a sua eficácia?

Postado em 18/09/2025 às 09h:30

A caneta Olire é um medicamento injetável lançado recentemente no Brasil para o tratamento da obesidade e do sobrepeso, sendo o primeiro do tipo totalmente produzido em território nacional pela farmacêutica EMS, com tecnologia própria de síntese de peptídeos.
Seu princípio ativo é a liraglutida, um agonista do receptor de GLP-1 (glucagon-like peptide-1), hormônio naturalmente produzido no intestino após a ingestão de alimentos. Essa substância atua em diferentes mecanismos: estimula a secreção de insulina de forma dependente da glicose, inibe a liberação de glucagon quando adequado, retarda o esvaziamento gástrico e age em centros cerebrais relacionados ao apetite, aumentando a saciedade.

Na prática, esses efeitos resultam em redução da ingestão calórica, maior controle da fome e perda de peso progressiva, além de benefícios metabólicos adicionais, como melhora do controle glicêmico e do perfil lipídico. De acordo com a Anvisa, a Olire está indicada para:

  • Adultos com obesidade (IMC ≥ 30);
  • Pessoas com sobrepeso (IMC ≥ 27) associado a comorbidades como hipertensão, diabetes tipo 2 ou apneia do sono;
  • Adolescentes entre 12 e 18 anos com diagnóstico de obesidade.

A formulação é apresentada em caneta pré-preenchida, com concentração de 6 mg/mL e administração diária. A dose de manutenção pode chegar a 3 mg/dia, conforme orientação médica.

Qual a eficácia esperada da Caneta Olire?

Os dados disponíveis até o momento indicam que a Olire pode promover redução de até 8% do peso corporal em aproximadamente um ano, quando utilizada em associação a uma alimentação equilibrada e prática regular de atividade física. Esse resultado é consistente com a literatura científica sobre a liraglutida, que demonstra perdas médias entre 5% e 10% do peso corporal em 6 a 12 meses, a depender do perfil do paciente e da adesão ao tratamento.

Embora ainda faltem estudos clínicos independentes específicos para a Olire, os números observados em bula e em comparação com outros medicamentos à base de liraglutida, como o Saxenda e o Victoza, reforçam sua eficácia dentro do esperado para a classe terapêutica.

No cenário comparativo, análogos de GLP-1 de maior potência ou de aplicação menos frequente, como a semaglutida (Ozempic, Wegovy), têm mostrado percentuais mais elevados de redução ponderal, variando entre 15% e 20% em um ano, o que evidencia diferenças de resposta clínica entre as moléculas, mas confirma o potencial da liraglutida como ferramenta válida no manejo da obesidade.

Limitações e riscos

  • Aplicação diária: exige disciplina, pode ser inconveniente para alguns pacientes. Alguns competidores usam regimes de aplicação semanal. (UOL)
  • Efeitos colaterais conhecidos das liraglutidas: náuseas, vômitos, constipação, diarréia, desconforto gastrointestinal, risco de hipoglicemia em certos casos, além de possíveis impactos sobre função pancreática ou tireoide em uso prolongado — embora essas complicações graves sejam raras. (Droga Raia)
  • Custo ainda relevante, embora menor que concorrentes importados; pode não estar acessível a todos.
  • Necessidade de suporte médico, nutricional e psicológico para maximizar resultados e minimizar riscos. Tratamento medicamentoso isolado costuma ter eficácia abaixo do ideal.
  • Em adolescentes ou pacientes com condições especiais, evidência mais limitada, necessidade de monitoramento cuidadoso.

Conclusão

A caneta Olire marca um avanço no tratamento da obesidade no Brasil, sendo o primeiro medicamento injetável para essa finalidade totalmente produzido no país. Seu princípio ativo, a liraglutida, possui eficácia comprovada em estudos clínicos, com reduções médias de até 8% do peso corporal em um ano, resultado considerado clinicamente relevante, ainda que inferior ao observado com terapias mais recentes, como a semaglutida.

Além de representar uma alternativa mais acessível no mercado, a Olire combina tecnologia nacional com um mecanismo de ação já amplamente estudado, o que reforça sua segurança e aplicabilidade prática. No entanto, é fundamental destacar que o tratamento deve ser conduzido de forma multidisciplinar, envolvendo acompanhamento médico, orientação nutricional e prática regular de atividade física.

Para pacientes com obesidade ou sobrepeso associado a comorbidades, a Olire pode ser uma opção eficaz e viável, desde que utilizada dentro de um plano terapêutico estruturado e com expectativas realistas, não como solução imediata, mas como parte de uma estratégia de longo prazo para controle de peso e melhora metabólica.

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