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Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

Comer emocional e emagrecimento

Postado em 16/01/2024 às 09h:23

Quando pensamos em emagrecimento, automaticamente precisamos pensar em déficit calórico. Ou seja, para perder gordura corporal, precisamos ingerir menos calorias do que gastamos durante certo período de tempo.
Parece muito simples, não é mesmo? A grande questão é que o emagrecimento – também chamado de “fase de cutting” – não se resume apenas a um cálculo matemático, já que nossos corpos não são máquinas de queimar calorias. Ademais, cada indivíduo é único e, portanto, o que funciona para um pode não funcionar para o outro.

Sabendo que o emagrecimento NÃO é um processo estático e 100% previsível, conseguimos entender, portanto, que ele é DINÂMICO e individual. A partir disso, é importante entendermos o que muitas coisas influenciam no sucesso ou não do processo de perda de gordura, sendo a parte emocional a mais determinante delas.

O comportamento alimentar é influenciado pela cultura, pelo ambiente familiar, pelo trabalho, pelo círculo social, pela condição socioeconômica, pela idade, por fatores psicológicos e até pela genética. Logo, é impossível atribuirmos o insucesso no emagrecimento de alguém apenas a “falta de força de vontade” ou “falta de foco”.

Há certos perfis de comportamento alimentar: o “comedor restrito” (exercem um controle cognitivo maior para comer), os “desinibidos” e os “emocionais” (justificam seu consumo de alimentos através da emoção). Os restritos ainda podem ser subclassificados em “rígidos” (que possuem mais daquele pensamento 8 ou 80) e em “flexíveis” (que conseguem ter a capacidade de condução e direcionamento melhor com a dieta sem se colocar em situações de estresse constante com a própria alimentação).

Os desinibidos podem ser subclassificados em “habitual” (maior risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares e obesidade, pois comem em demasia sempre que há oportunidade) e em “situacional” (em certas oportunidades apresentam comportamento hiperfágico, como em um rodízio, sem necessariamente apresentar risco para transtornos alimentares).
Pessoas mais desinibidas têm tendência de serem mais reativas ao ambiente, tendo que exercer uma restrição cognitiva maior (fazer uma “força” maior) para evitar o ganho de peso.

Quem é pouco desinibido e baixo restrito consegue controlar melhor o peso corporal, pois não há necessidade de exercer grande esforço cognitivo para controlar comportamentos desinibidos. A restrição alimentar moderou a associação da desinibição com o ganho de peso, ela é benéfica na prevenção contra o ganho de peso inclusive nos mais desinibidos.

Pessoas que têm sucesso em dieta apresentam menor desinibição e maior controle cognitivo (resistem às sugestões alimentares do ambiente) quando comparado com indivíduos que são mais desinibidos e com pior controle cognitivo (apresentam reatividade às sugestões alimentares do ambiente).

Pessoas que têm mais sucesso conseguem ter uma projeção mais realista e positiva do processo de emagrecimento/dieta, enquanto os que não têm sucesso tendem a ter uma observação mais negativa, com metas irreais, autoavaliação negativa, desvalorização dos seus resultados e etc. Isso tudo, infelizmente, pode levar à frustração e reganho de peso.

Por fim, vale ressaltar que é a mesma ferramenta (dieta), o que muda é a MANEIRA como cada um utiliza/enxerga ela. A dieta com restrição calórica bem aplicada é segura para obesos e não obesos, elas não causam compulsão ou transtorno se feitas de maneira correta.

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

Leia também: Estagnação na perda de peso

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