Como se tornar um atleta bem-sucedido? | Uniguaçu Como se tornar um atleta bem-sucedido? | Uniguaçu

Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

Como se tornar um atleta bem-sucedido?

Postado em 02/08/2024 às 16h:15

Primeiramente, antes de especificarmos quais são os aspectos mais importantes quando tratamos de atletas de alto rendimento e sucesso no esporte, é necessário entendermos sobre a personalidade. A personalidade nada mais é do que o conjunto de características que torna uma pessoa única, e entender isso ajuda a lidar melhor com os atletas e praticantes de exercícios, já que a personalidade afeta o nosso jeito de lidar com as mais diversas situações.

É importante ter sempre em mente que nenhum atleta é igual, e que não é porque um tem determinada característica que o outro também terá apenas por ser atleta. A representação do “núcleo psicológico” é justamente esse conjunto de características que vai construir a nossa identidade psíquica, a nossa personalidade. Cada indivíduo tem o seu núcleo e a sua essência, e isso é interno e estável, sendo que predominantemente essas características irão definir os comportamentos que eu apresento nas situações. Essas características farão com que eu tenha respostas predominantemente típicas, mas, eventualmente, o ambiente social, os aspectos externos e as mudanças dinâmicas que ocorrem no ambiente podem acabar afetando as minhas respostas típicas.

Temos que ter cuidado para não afirmar que a relação entre os traços psicológicos do indivíduo e o desempenho esportivo é de causa-efeito. Ou seja, não há um estabelecimento exato de traços específicos de personalidade que obrigatoriamente um atleta terá que ter para alcançar o sucesso no esporte. Logo, devemos focar em compreender quais são as estratégias mentais, as habilidades e os comportamentos que os atletas realizam em treinos e competições e como isso influencia no sucesso destes.

Finalmente, iremos abordar nesse texto algumas das principais estratégias das quais os atletas bem- sucedidos fazem uso em seu dia a dia, são essas: estratégias para lidar com as adversidades nas competições, habilidades práticas de rotina para lidar com problemas e distrações, capacidade de se concentrar no desempenho imediato, ignorando eventos e pensamentos disfuncionais, usar repetições mentais (imaginação), se concentrar daquilo que se pode controlar, e não com os outros atletas. Além disso, atletas bem-sucedidos também desenvolvem planos de competição detalhados e regulam bem o seu nível de energia (ativação) e a ansiedade.

Ademais, a prática de exercícios atua de diversas formas no nosso psicológico: ela é uma DISTRAÇÃO, ou seja, alivia o estresse do dia a dia, diminui emoções negativas e aumenta o foco na execução dos movimentos. Ela aumenta a sensação de CONTROLE e de autocontrole. Ela aumenta a sensação de CAPACIDADE (autoeficácia, que é o julgamento das próprias habilidades) e de competência. Aumenta o apoio social, com o estabelecimento de relações com outros e, consequentemente, interações sociais. Ela melhora o autoconceito (visão que tenho sobre mim) e autoestima (o quanto que o indivíduo reconhece o próprio valor).

A prática regular de exercícios minimiza os níveis de ansiedade, estresse e depressão, melhora o humor, aumenta o bem-estar físico e psicológico, aumenta a disposição física e mental etc. Além disso, ela pode aumentar o desempenho no trabalho e no meio acadêmico, aumenta as emoções positivas e sensação de bem-estar, aumenta a autoconfiança, estabilidade emocional, funcionamento intelectual e processamento cognitivo, aumenta a satisfação sexual, melhora a imagem corporal (o indivíduo começa a se ver da forma que ele é). A prática regular de exercícios diminui a ansiedade-estado (“ansiedade situacional”, que ocorre no momento da situação), o humor deprimido, os sintomas de estresse, a dependência de álcool, a irritabilidade, a insegurança, o cansaço, as fobias, a tensão etc.

É válido ressaltar, portanto, que o esporte de alto rendimento muitas vezes não oferece saúde ao atleta e, ainda, há elementos que ameaçam a saúde mental do atleta. Há toda uma expectativa e pressão que cai em cima desse atleta, tanto por parte dos espectadores quanto por parte da mídia. Há também elevadas cargas de treino sendo aplicadas nessa pessoa, há uma cobrança por evolução (física, técnica, tática), há muitas exigências de equilíbrio mental e emocional desse atleta “na hora da verdade”, tudo isso acaba gerando no atleta consequências como estresse e ansiedade.

Nós, como profissionais da saúde, precisamos sempre reconhecer que essas situações acontecem e, além disso, precisamos sempre lembrar que esse atleta não é uma máquina e sim um ser humano, ele precisa de suporte. É necessário compreendermos as características de pensamento (crenças do atleta), emocionais e comportamentais particulares desse atleta em questão, de modo que seja possível trabalharmos para aumentar a qualidade de vida dele e, consequentemente, seu desempenho no esporte.

Por fim, devemos ter em mente que a motivação é um fenômeno psicológico muito complexo, e nós profissionais e futuros profissionais da saúde podemos auxiliar o atleta nisso. As razões e os motivos que levam um indivíduo a se aproximar do esporte e no exercício são diferentes das razões do outro indivíduo, é algo individual.

A motivação é um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta. São os motivos para a ação (é importante questionar que motivos essa pessoa tem para se engajar no esporte e no exercício). Ou seja, a motivação não é uma “força interna mágica” que cria uma vontade na pessoa fazendo com que ela faça o exercício. Esse aspecto interno de “vontade” faz parte da motivação, mas não é ela, pois motivação está longe de ser apenas isso.
A motivação tem uma direção (“para que”) e uma intensidade (é o nível de esforço que esse indivíduo despende na realização dessa tarefa). É interessante, pensando em adesão e constância, que o indivíduo tenha clareza das suas motivações para tal ação. A motivação depende de fatores pessoais (motivação intrínseca, como a vontade em si) e ambientais (extrínseca, como o elogio que ela recebe do treinador, por exemplo).

Alguns fatores podem afetar a motivação das pessoas, são eles: Eventos fisiológicos no cérebro e no corpo (envolve a satisfação das necessidades básicas, como estar bem nutrido e com baixa fadiga etc.), interações sociais e eventos culturais, objetivos individuais (melhora da saúde, melhora da estética, autoestima etc.), a motivação interfere também na escolha da atividade, por isso o autoconhecimento é muito importante para que o indivíduo escolha o exercício que irá praticar.

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

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