Dieta na hipertensão arterial
Postado em 14/08/2023 às 14h:55
Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, de 2020, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não transmissível, de origem multifatorial, caracterizada por elevação persistente da pressão arterial.
O paciente com HAS terá uma pressão arterial sistólica maior ou igual a 140mmHg e/ou pressão arterial diastólica maior ou igual a 90mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva.
Todavia, vale ressaltar que há ainda um estágio conhecido como “pré-hipertensão”, em que a pressão arterial sistólica estará entre 130 e 139 mmHg, o diastólica entre 85 e 89 mmHg. Nesse caso, mesmo que o paciente ainda não esteja com HAS, ele deve sim procurar auxílio profissional, de forma a tentar prevenir o desenvolvimento da doença.
A nutrição tem papel fundamental tanto na prevenção da HAS quanto na melhora do prognóstico e qualidade de vida de quem já tem a doença, e um bom nutricionista deve estar atualizado quanto à dietoterapia na HAS. Dentre os fatores de risco modificáveis na HAS, destaca-se o consumo de sal e sódio, a ingestão de álcool, o sedentarismo e o controle do peso corporal e adiposidade. Além disso, é importante saber que, normalmente, quem tem HAS tem ou terá dislipidemia, obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, ressaltando a importância do nutricionista nessa condição.
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A cada 5% de perda de peso, é visto uma redução média de 20 a 30% na pressão arterial, o que já é significativo. Além do controle do peso, a literatura científica mostra que, dentre os diferentes tipos de dietas, a dieta “DASH” (Dietary Approach to Stop Hypertension) parece ser a mais adequada para o controle da pressão arterial.
Essa dieta consiste basicamente em priorizar alimentos ricos em potássio, cálcio (pois ele consegue aumentar a excreção de sódio pelos rins), magnésio e fibras. Além disso, é importante evitar o consumo de colesterol, diminuir a gordura total da dieta e principalmente diminuir a gordura saturada e a trans. Trata-se de uma dieta rica em frutas, hortaliças, cereais integrais e laticínios desnatados, com o consumo moderado de oleaginosas.
Preconiza-se também a redução do consumo de doces, bebidas açucaradas e carnes vermelhas.
O consumo de sal, por dia, deve ser inferior a cerca de 2g. Contudo, a Organização Mundial da Saúde recomenda que adultos consumam menos de 2000mg de sódio por dia, o que equivale a 5g de sal por dia. As Dietary reference intakes (DRIs) recomendam a ingestão de 1.500mg/dia de sódio para pessoas de 19 a 50 anos, 1.300mg/dia para pessoas de 51 a 70 anos e 1.200mg/dia para maiores de 70 anos.
Um ponto importante de entendermos é que a dieta DASH não preconiza a utilização de suplementos e substitutos, ou seja, não há boas evidências demonstrando que a suplementação de potássio, cálcio e magnésio seja benéfica na HAS. Quanto aos laticínios, é visto que esses têm efeito hipotensor modesto, em especial os laticínios pobres em gorduras e com proteínas do leite, por isso, é importante priorizar esses.
O potássio é um eletrólito que regula o volume celular, faz a manutenção do equilíbrio eletrolítico e contribui para a manutenção dos níveis normais da pressão arterial. Segundo a Brazilian Guideline de 2020, o potássio deve ser ingerido de 3,5 a 5g/dia e deve ser proveniente de feijões, ervilha, vegetais verdes-escuros, banana, beterraba, frutas secas, etc. A exceção para isso são os pacientes com risco de hipercalemia ou doença renal crônica com estágio maior que 4.
Quanto aos exercícios físicos, a Brazilian Guideline 2020 recomenda a prática de, no mínimo, 150 minutos por semana de atividade física moderada e, como a nutrição anda junto com a educação física, é importante que o nutricionista tenha conhecimento disso antes de prescrever o plano alimentar individualizado.
Em suma, a maioria das evidências atuais demonstram que a dieta DASH consegue diminuir o risco de acidente vascular encefálico, reduzir as chances de mortalidade cardiovascular e evitar a doença renal. Ou seja, é de extrema importância que todos esses aspectos sejam levados em consideração na hora de atender um paciente com hipertensão ou pré-hipertensão, de forma a tomar as melhores condutas nutricionais possíveis.
Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição