Diferenças entre Whey Protein e Colágeno | Uniguaçu Diferenças entre Whey Protein e Colágeno | Uniguaçu

Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

Diferenças entre Whey Protein e Colágeno

Postado em 25/09/2024 às 09h:00

O colágeno é uma proteína estrutural muito abundante no corpo humano – representando cerca de 30% da proteína total – e tem ganhado popularidade como um suplemento para a saúde da pele, articulações, unhas e cabelos. No entanto, é importante examinar as evidências científicas atuais que sustentam esses benefícios e considerar a eficácia real dessa suplementação.

Primeiramente, é interessante entender que o colágeno nada mais é do que uma proteína e, assim como qualquer outra proteína sofrerá o processo de digestão e será “quebrado” em aminoácidos (a menor unidade de uma proteína) e que esses aminoácidos ao serem ingeridos podem ir para absolutamente qualquer lugar do corpo não necessariamente para a pele, cabelos ou unhas. Além disso, a grande maioria dos estudos com a suplementação de colágeno não são metodologicamente bons, já que a maioria não controla a ingestão proteica dos participantes, que é de suma importância nesse cenário. Logo, a “melhora” vista em alguns estudos pode ser simplesmente porque o indivíduo não consumia proteína suficiente e apenas corrigiu isso através da suplementação.

Por exemplo: alguns estudos sugerem que a suplementação com colágeno pode melhorar a elasticidade da pele e reduzir a aparência de rugas. Um trabalho científico publicado no Journal of Cosmetic Dermatology, em 2019, observou que mulheres que suplementam o colágeno hidrolisado apresentaram melhora na hidratação e elasticidade da pele, no entanto, apesar dos resultados positivos, essas pesquisas têm limitações, como tamanho amostral pequeno e falta de controle.
Ainda, certos estudos mostraram que a suplementação de colágeno poderia ajudar a aliviar a dor em pessoas com osteoartrite e melhorar a função articular desses. Uma revisão de 2017 do Journal of Agricultural and Food Chemistry demonstrou que a ingestão de colágeno tipo II poderia ter efeitos positivos, todavia, a maioria dos estudos incluídos nesta revisão são financiados por empresas que fabricam colágeno, o que é um grande viés.
Vale salientar que a produção natural de colágeno no corpo pode ser suficiente para a manutenção da saúde articular sem a necessidade de suplementar.

Alguns relatos anedóticos e estudos preliminares demonstram que a suplementação de colágeno pode fortalecer os cabelos e as unhas, mas não há evidências robustas que sustentem esses possíveis benefícios – vale ressaltar também que a saúde dos cabelos e das unhas é influenciada por diversos fatores, como a alimentação do indivíduo e a sua genética.
Ainda, é importante destacar que o colágeno não é uma proteína de qualidade (ou seja, é de baixo valor biológico), já que nosso corpo consegue sintetizar essa proteína.
É necessário entender que a produção de colágeno, por mais que reduza com o envelhecimento, ainda assim não é significativa a ponto de justificar uma suplementação!

Dito isso, é necessário compreendermos que o Whey Protein e o colágeno são dois dos suplementos mais populares no mercado, mas cada um com suas características e finalidades.

O Whey Protein é derivado do soro do leite e é uma proteína completa que contém todos os aminoácidos essenciais, incluindo uma alta concentração de BCAAs (aminoácidos de cadeia ramificada), que são importantíssimos para a síntese proteica muscular – o whey é classificado como uma proteína de alta qualidade, justamente pelo seu perfil de aminoácidos.

O colágeno, conforme dito anteriormente, uma proteína estrutural encontrada em tecidos conectivos, como pele, cartilagens e ossos, que é rica em aminoácidos como glicina, prolina e hidroxiprolina, mas que NÃO POSSUI alguns aminoácidos essenciais. Dessa forma, o colágeno é considerado uma proteína incompleta, pois não fornece todos os aminoácidos essenciais necessários para a construção das proteínas musculares.

Enquanto a proteína de soro do leite – o Whey Protein – é rapidamente absorvida, tornando-se disponível rapidamente para os músculos após o exercício, a do colágeno é diferente.
A absorção do colágeno pode não se traduzir diretamente em aumento dos níveis de colágeno na pele ou articulações, uma vez que o corpo pode quebrá-lo em aminoácidos que serão utilizados conforme necessário, sem garantir que serão utilizados para a síntese de colágeno.

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Outro fator a se condiserada, o Whey Protein geralmente está disponível em uma variedade de formas (concentrado, isolado e hidrolisado) e com uma ampla gama de sabores, o que o torna mais atraente para os consumidores. Os preços variam, mas tendem a oferecer uma boa relação custo-benefício em termos de proteína por porção. O colágeno, por outro lado, pode ser mais caro por dose em comparação com o whey, e sua eficácia varia consideravelmente entre as marcas e formulações.

Em suma, o whey protein é, sem dúvida alguma, considerado uma opção superior em comparação com o colágeno, especialmente para aqueles que buscam benefícios relacionados à musculação, recuperação e nutrição de uma forma geral.. Enquanto o colágeno pode ter seus usos específicos, as evidências científicas são mais robustas em relação aos benefícios do whey protein, o que torna ele uma escolha mais eficaz para a maioria das pessoas, especialmente atletas e indivíduos mais ativos.
No caso de um indivíduo com grande seletividade alimentar e que, por algum motivo, não consiga tomar o whey, pode ser utilizado o colágeno como alternativa “emergencial”, já que ele é mais um “suquinho” e, por isso, alguns pacientes mais difíceis tendem a aceitar melhor.

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

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