Dopamina e motivação
Postado em 22/07/2023 às 14h:00
A dopamina é um neurotransmissor que vem do aminoácido tirosina, que produzimos endogenamente e também consumimos através da dieta. Este neurotransmissor atua no sistema motor e na locomoção através da sua sinalização para o córtex motor. Todavia, dentre suas funções mais faladas atualmente, está o seu papel na motivação. Cientificamente falando, o papel da dopamina está mais ligado ao sistema de recompensa e na predição de erro. Ou seja, quando sabemos que algo traz grande recompensa conforme o que nosso sistema hedônico entende como recompensa (pode ser alimentos, jogos ou até ganhos financeiros), a dopamina é secretada.
Esta secreção ocorre quando há a previsão desta recompensa, não necessariamente durante o consumo da recompensa. Ou seja, se eu sei que a pizza que está chegando ou que estou pedindo é gostosa, já há o condicionamento de ”pizza ser igual a recompensa”, logo, já há a secreção de dopamina perante o estímulo.
Sua sinalização também pode atuar na previsão de erros: digamos que esta mesma pizza que eu consumi estava péssima. Nesse caso, a dopamina também vai atuar nesse papel de sinalizar o erro de recompensa “não está tão bom quanto eu esperava”. Muitos ligam a secreção de dopamina ao vício, mas isso não é adequado, pois secretamos dopamina em diversas ações do nosso dia a dia e, sem ela, não teríamos a motivação necessária para a sobrevivência.
O que ocorre no vício, ou melhor dizendo, na adição por drogas, é justamente uma disfunção dopaminérgica, onde ela funciona de maneira mais prejudicada quando não há a substância que causa a adição, aumentando então a busca para manter mais estável o nível de dopamina. Também vale ressaltar que quando há uma adição, outros neurotransmissores também sofrem alterações, como serotonina e noradrenalina.
Resumidamente, não podemos ligar a secreção de dopamina diretamente à adição, embora ela sofra alterações durante este processo e seja também alvo de estratégias farmacológicas quando está disfuncional.
Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição
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