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Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

Entendendo o metabolismo energético

Postado em 10/06/2024 às 11h:40

Antes de começar esse artigo, é preciso deixar claro que o nosso corpo e a forma de funcionamento dele é algo complexo e, inicialmente, difícil de compreender. Ou seja, esse texto não tem como objetivo terminar com todas as tuas dúvidas sobre o tema, mas sim esclarecer parte delas.
O metabolismo energético nada mais é do que um conjunto de reações bioquímicas que ocorrem, a todo o instante, em nosso organismo. Em geral, todas as principais reações metabólicas ocorrem em todos os momentos, todavia, algumas sempre irão se sobressair frente a outras. É importante ressaltar que essa alternância e predominância entre as diferentes vias bioquímicas e rotas metabólicas depende de diversos aspectos, como o estado alimentado (pós-prandial) ou o estado de jejum (período em que o indivíduo não está ingerindo nenhum tipo de alimento), em exercício ou em repouso, estado nutricional do indivíduo, possíveis patologias presentes etc.

Ainda, dentro dessa área de estudo, é imprescindível sabermos muito bem dois conceitos básicos: anabolismo e catabolismo. O que vem na sua mente quando pensa nas palavras anabolismo e catabolismo? Garanto que é algo relacionado a hipertrofia e ganho de massa muscular, mas não se engane, pois envolve muito mais do que isso.
O chamado “anabolismo” é simplesmente o processo de tornar uma (ou mais de uma) molécula menor em uma molécula maior, ou seja, é um processo de construção (como se fosse colocar um tijolo a mais no muro, sabe?). O processo de “catabolismo”, por outro lado, seria o processo de quebra ou degradação, em que se transforma um substrato grande em algo menor.

Essas duas reações estão, no nosso organismo, ocorrendo a todo o instante, e não se resumem apenas a “construção de massa muscular”, pois depende do tipo de substrato que estamos modificando. O ganho de gordura no tecido adiposo, por exemplo, é um processo anabólico que se dá por meio do excesso de nutrientes (calorias) advindos da dieta (carboidrato, lipídeo/gordura e, em menor grau, proteína). A perda de gordura, por outro lado, trata-se de um processo catabólico – que ocorre em um cenário de menor ingestão energética frente ao gasto calórico -, em que se degrada a molécula de triglicerídeo em ácidos graxos e glicerol – que são moléculas menores -, os quais serão utilizados como fonte de energia pelo teu corpo.

No estado de jejum, por exemplo, há uma predominância de processos catabólicos, já que nosso organismo se sente obrigado a utilizar os nossos estoques corporais de energia para conseguir manter nossos órgãos em pleno funcionamento (o nosso coração, nossos rins, nossos pulmões e até nosso cérebro são muito dependentes de energia, assim como todo o nosso corpo, a todo o instante). Ou seja, no período não alimentado, iremos realizar alguns processos catabólicos, como a quebra do glicogênio hepático (que é uma molécula grande) para a geração de glicose (molécula menor), processo chamado de “glicogenólise hepática”. Nesse estado, também iremos realizar o processo de lipólise, que consiste na quebra do triglicerídeo em três ácidos graxos e glicerol, sendo então um processo catabólico com o intuito de gerar ATP (nossa molécula de energia).

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Por outro lado, no estado alimentado, como o nosso corpo não possui um relógio e, portanto, não sabe quando entrará comida novamente, ele simplesmente irá captar grande parte desses nutrientes que estão entrando para estocar (criar uma “reserva de emergência”). Um ponto importante para entendermos, de uma vez por todas, o metabolismo energético, é entendermos um dos seus principais objetivos: manter a nossa glicemia estável. A glicemia nada mais é do que a concentração de glicose no seu plasma sanguíneo (ou seja, no teu sangue), e ela deve estar sempre em uma faixa ideal, nem muito mais e nem muito menos.

Tendo em vista que muitos tecidos e órgãos do nosso corpo utilizam majoritariamente a glicose como fonte de energia (destaco aqui o cérebro e as hemácias, que são altamente dependentes de glicose), é compreensível, então, que o nosso metabolismo “gire em torno” da manutenção da nossa glicemia em níveis adequados. Vale ressaltar, no entanto, que variações muito abruptas e expressivas na glicemia podem provocar danos irreversíveis, inclusive causando o coma e a morte. Além do processo da glicogenólise, e gliconeogênese também constitui um recurso importantíssimo do nosso organismo para realizar a manutenção da glicemia. Esse processo – que ocorre principalmente no fígado, mas também nos rins — consiste em utilizar substratos não glicídicos (aminoácidos das proteínas e glicerol dos lipídeos, principalmente) para a geração de glicose.

Outro conceito importante de entendermos é o “balanço energético”, que consiste na diferença entre o que entra e o que sai do organismo. Quando estamos em um cenário de déficit calórico (também chamado de período de “cutting” ou então “fase de perda de gordura”), chamamos de “balanço energético negativo” (a ingestão calórica está inferior ao gasto calórico, ou seja, o indivíduo come menos do que gasta). Se há menos energia entrando, o seu organismo será obrigado a retirar energia do seu estoque corporal (tecido adiposo), afinal os teus órgãos continuam precisando de energia para realizar as respectivas atividades. Se o estoque de gordura corporal está reduzindo, obviamente, o emagrecimento está ocorrendo.

Por outro lado, quando estamos em um cenário de superávit calórico (também chamado de período de “bulking”), chamamos de “balanço energético positivo” (a ingestão calórica está superior ao gasto calórico). Nesse cenário, há mais alimento entrando e/ou há um gasto menor de calorias, e isso pode provocar diferentes resultados, a depender do nível e frequência de treinamento do indivíduo, da genética, da composição da dieta, do ambiente hormonal etc.

Texto por: Pietra Fogaça – Nutricionista

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