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Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

Exercício físico e função gastrointestinal

Postado em 12/02/2024 às 15h:26

Sabe-se que, o exercício que promove até 70% do consumo máximo de oxigênio, não acabará mexendo em nada no sistema gastrointestinal.
No entanto, isso não significa que o indivíduo possa sair correndo após consumir grande quantidade de alimento, pois isso aumentará a atividade simpática e diminuirá a atividade parassimpática, gerando uma parada no sistema gastrointestinal. Nesse caso, dependerá de onde está o alimento e que tipo de exercício físico está sendo realizado, para ter alguma resposta.

Se esse alimento estiver no estômago, ou seja, a pessoa comeu há pouco tempo e resolveu correr a 85% do volume de oxigênio máximo (VO2máx), essa pessoa terá uma parada do sistema gastrointestinal, esse alimento se depositará na porção mais inferior do estômago e, assim, ele irá distender a parede do estômago, causando uma resposta reflexa que levará ao vômito.

Entretanto, se esse alimento já estiver no intestino, aí dependerá da movimentação vigorosa do tronco. Ou seja, se o indivíduo estiver fazendo um exercício que não tem movimentação vigorosa do tronco, não será um grande problema. De maneira oposta, caso esse exercício tenha movimentação vigorosa do tronco, o indivíduo irá propelir o alimento com a movimentação do tronco mesmo com o intestino parado. Mas vale lembrar que isso é tempo-dependente, então ocorrerá em cerca de 1h de exercício físico.

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Outro ponto importante a mencionar é a possibilidade de ocorrência da chamada “diarreia de maratonista”, em que o alimento vai sendo propelido, até que chega no final do intestino e irá sair “de qualquer jeito”.
Essa eliminação fecal será diarreica pois há uma diminuição de fluxo sanguíneo esplâncnico, então a absorção está ruim e a motilidade está ruim, então o alimento chega até o final com baixíssima absorção.
Para resolver esse tipo de contratempo, é necessário acertar o tipo de alimentação pré-prova e o horário de alimentação conforme a prova. Vale destacar que nós podemos sim treinar o sistema gastrointestinal de forma que ele se adapte a esse tipo de situação, mas isso leva tempo.

Todavia, tudo isso é agudo (ocorre apenas durante o exercício físico), pois sabemos que o exercício promove adaptações gastrointestinais, como melhora do sistema ao longo do tempo de treinamento, já que o treinamento aumenta a atividade parassimpática e diminui a simpática. Logo, aplicando isso no sistema gastrointestinal, percebo que ocorre aumento da motilidade gastrointestinal com o treinamento, além de maior irrigação tecidual para o local.

O treinamento também faz aumento da secreção de muco, que aumenta a ação antiulcerogênica, pois protege mais a parede do estômago contra a ação de ácidos. A úlcera gástrica tem um componente orgânico, mas também tem componente psicossomático, pois pessoas mais estressadas têm tendência à ulceração maior que outras. Por fim, vale lembrar que o exercício físico diminui/tem capacidade de agir como um modulador do estresse.

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

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