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Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

O papel da psicologia na obesidade 

Postado em 08/02/2024 às 11h:00

A obesidade é uma doença de característica multifatorial, ou seja, é influenciada por muitos quesitos, sendo o psicológico um deles. A genética, ao contrário do que muitos acreditam, na maioria das vezes, contribui muito pouco na obesidade. Estressores psicossociais e estresses psicológicos podem contribuir para o aumento do consumo de alimentos hiper palatáveis, e nós vamos criando um hábito de buscar solucionar os problemas com o consumo de alimentos.

As condições emocionais disfuncionais podem ocorrer tanto antes do consumo desses alimentos gostosos quanto depois, na forma de sentimento de culpa. O problema é que isso tende a se moldar em forma de um ciclo, em que a tristeza motiva o consumo e o consumo gera um sentimento posterior de culpa, e isso tende a se perpetuar de forma cíclica.

A terapia cognitivo comportamental é a mais utilizada e comprovada no tratamento da obesidade. Ela pode tanto identificar quanto modificar o hábito alimentar e o comportamento sedentário, de forma a diminuir os episódios de compulsão e, portanto, reduzir o peso corporal. O objetivo principal dessa terapia é reconhecer os pensamentos sabotadores, ressignificar certas crenças e manejar de forma mais eficaz o estresse e traçar estratégias adequadas para o processo de perda de peso (ou para o processo de manutenção do peso perdido). É interessante, também, auxiliar o paciente a reduzir as expectativas irreais em relação à estética, pois isso tende a aumentar ainda mais a percepção de fracasso.

A TCC se baseia no modelo cognitivo, que diz que os nossos comportamentos são influenciados pelas percepções e interpretações que nós temos dos eventos que acontecem em nossas vidas… O mesmo evento pode gerar interpretações muito diferentes em pessoas distintas e, portanto, interpretações também diferentes.

É importante termos em mente que existem três níveis básicos de processamento cognitivo: os “pensamentos automáticos” (que passam muito rápido em nossas mentes, muitas vezes não temos consciência deles, podem estar enraizados e precisam ser bem analisados pelo indivíduo), as “crenças subjacentes” (são as nossas regras condicionais, são regras comportamentais que guiam nossa vida e que têm influência no nosso humor também.

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Logo, identificar esses pressupostos ajuda a entender as raízes de nossos comportamentos, e são fáceis de identificar) e as “crenças nucleares” (são as ideias mais centrais que temos de nós mesmos, do mundo e das outras pessoas; são rígidas e absolutas, afirmações do tipo “tudo ou nada”; podemos tentar entender o cerne/origem dessas crenças e, se for algo disfuncional, podemos manejar essa situação). E, dentro das crenças nucleares, temos a “tríade cognitiva”, que são as crenças a respeito do que eu sou, do que o mundo é e do que os outros são, ou seja, é um esquema cognitivo de crenças.

Por fim, é necessário entendermos que existem erros cognitivos característicos na lógica dos pensamentos de alguns indivíduos com transtornos emocionais, que tendem a distorcer muito os pensamentos. Precisamos compreender a forma como o paciente enxerga a alimentação, e cuidar com os pensamentos fatalistas do tipo “agora já era, já comi”. Vale destacar que existem então indivíduos com maior flexibilidade cognitiva, que tendem a ter menos pensamentos fatalistas e, dessa forma, reagem de forma mais tranquila a situações que fogem das suas diretrizes. 

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

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