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Progressão de exercícios na reabilitação de lesões

Postado em 19/11/2025 às 15h:30

A reabilitação de lesões é um processo multifatorial que envolve não apenas a prescrição adequada de exercícios, mas também a integração de aspectos nutricionais, metabólicos e psicossociais. O objetivo central é restaurar a função, prevenir recidivas e permitir o retorno seguro do paciente às suas atividades. Para isso, a progressão dos exercícios deve ser estruturada de forma estratégica, respeitando as fases de cicatrização tecidual e a capacidade de adaptação do sistema neuromuscular.

1. Fundamentos da progressão na reabilitação

A literatura científica aponta que a progressão em programas de reabilitação deve seguir uma lógica que parte do controle do movimento, passa pela recuperação da função articular e culmina no desenvolvimento da força e da potência (Behm et al., 2021; Escamilla et al., 2019).

Esse processo é sustentado por três pilares principais:

  • Controle motor: capacidade de recrutar adequadamente musculaturas estabilizadoras e sinergistas, reduzindo sobrecarga em estruturas lesionadas.
  • Função do movimento: restauração da amplitude de movimento (ADM), coordenação intermuscular e eficiência biomecânica.
  • Força e capacidade funcional: aumento gradual da carga externa para permitir que o tecido se adapte às demandas do cotidiano ou do esporte.

2. Fases do programa de reabilitação com ênfase na progressão

a) Fase Inicial – Controle e Ativação
Objetivo: restaurar padrões básicos de movimento e ativar musculaturas-chave.

  • Foco em exercícios isométricos e de baixa carga.
  • Treino proprioceptivo para melhora da estabilidade articular.
  • Ênfase na educação do paciente quanto ao padrão de movimento correto.
    Exemplo: exercícios de ponte de quadril isométrica em reabilitação de joelho.

b) Fase Intermediária – Função e Coordenação
Objetivo: integração do movimento com maior complexidade.

  • Introdução de exercícios isotônicos e em cadeia cinética fechada.
  • Melhora da coordenação intermuscular.
  • Progressão de exercícios em bases instáveis para reforçar o controle articular.
    Exemplo: mini-agachamentos, step-ups ou exercícios de avanço (lunge).

c) Fase Avançada – Desenvolvimento da Força e Potência
Objetivo: restaurar a capacidade funcional e preparar para retorno à atividade plena.

  • Progressão gradual da sobrecarga externa.
  • Introdução de movimentos multiplanares e específicos para a modalidade esportiva.
  • Desenvolvimento de força máxima e resistência.
    Exemplo: agachamento livre, pliometria controlada ou corrida intervalada.

3. Princípios científicos da progressão de carga

A sobrecarga progressiva é essencial para a recuperação funcional. Segundo o American College of Sports Medicine (ACSM, 2021), o aumento deve ser de forma gradual, respeitando a resposta tecidual e evitando sobrecarga excessiva.

  • Volume: aumento progressivo no número de séries e repetições.
  • Intensidade: incremento da carga externa em 5–10% por semana, quando bem tolerado.
  • Complexidade: variação de bases de apoio, planos de movimento e estímulos proprioceptivos.

4. O papel da nutrição no processo de reabilitação

O nutricionista desempenha papel estratégico no suporte ao processo de progressão:

  • Síntese proteica: ingestão adequada de proteínas (1,6–2,2 g/kg/dia) favorece reparo muscular e adaptação ao treino resistido.
  • Controle da inflamação: nutrientes como ácidos graxos ômega-3, vitamina D e compostos bioativos (curcumina, polifenóis) auxiliam na modulação inflamatória.
  • Energia e substratos: aporte calórico adequado previne catabolismo e favorece a regeneração tecidual.
  • Suplementação específica: creatina e colágeno hidrolisado, associados ao exercício, apresentam evidências promissoras na recuperação de tecidos musculoesqueléticos.

5. Integração Interdisciplinar

A reabilitação eficaz depende da integração entre fisioterapeutas, educadores físicos e nutricionistas. Enquanto a prescrição e progressão dos exercícios garantem estímulos adequados, a intervenção nutricional oferece suporte metabólico e anti-inflamatório que acelera a recuperação e potencializa os resultados.

Conclusão

A progressão dos exercícios na reabilitação de lesões deve seguir uma lógica que respeita às fases de recuperação tecidual, iniciando pelo controle motor e função do movimento até o desenvolvimento da força. O nutricionista, ao compreender esses estágios, pode alinhar estratégias nutricionais específicas que favorecem a cicatrização, a adaptação neuromuscular e o retorno pleno às atividades. Assim, a atuação interdisciplinar torna-se a chave para um processo de reabilitação seguro, eficiente e sustentável.


Referências

  • American College of Sports Medicine. ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription. 11th ed. Wolters Kluwer; 2021.
  • Behm, D.G., et al. (2021). Neuromuscular considerations for resistance training. Journal of Strength and Conditioning Research, 35(1), 1–17.
  • Escamilla, R.F., et al. (2019). Biomechanics of resistance training exercises. Sports Health, 11(2), 162–170.

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