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Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

Qual a diferença entre nutrigenômica e nutrigenética?

Postado em 27/01/2024 às 10h:45

Os nutrientes e os compostos bioativos atuam sobre o genoma humano, direta ou indiretamente, alterando a expressão ou a estrutura dos nossos genes. Em determinadas circunstâncias e em alguns indivíduos, a alimentação pode ser fator de risco relevante para o desenvolvimento de determinadas doenças.

Alguns genes regulados pela alimentação atuam no início, na incidência e na progressão e/ou gravidade de alguma doença crônica não transmissível (DCNT). O grau com o qual a alimentação influencia o equilíbrio entre saúde e doença pode depender da constituição genética do indivíduo e, quando falamos de nutrigenômica, falamos especificamente da interação de moléculas com o DNA (como fazem os fatores de transcrição).

Muitos compostos bioativos modificam a expressão gênica por meio de fatores de transcrição, um exemplo são os RECEPTORES DO ÁCIDO RETINÓICO (RAR), que são responsivos ao RETINOL, que é convertido em ácido retinóico, e esse ácido retinóico é uma forma da vitamina A, assim como o retinol (forma alcoólica da vitamina A) e o retinal.

O retinol é a forma como iremos armazenar no nosso organismo, o retinal é a que a gente tem nos olhos (importante para a transmissão do impulso luminoso para o cérebro) e o ácido retinóico (que irá atuar como um hormônio, e é capaz de modular a expressão gênica se ligando no DNA e especificando qual gene será expresso naquele momento).

A nutrição, o exercício e os nossos genes estão muito ligados. A ingestão de proteínas e carboidratos antes e após o exercício físico irão impactar no treino de força. Iremos observar um aumento da captação de aminoácidos e de glicose da dieta, que irão impactar na atividade de enzimas que nós temos lá dentro das nossas células (como no músculo esquelético). Além disso, nós temos também uma série de hormônios e moléculas que irão interferir e regular na expressão gênica de certos tecidos, aumentando, por exemplo, a síntese de proteínas e diminuindo a degradação proteica.

A nutrigenética representa a influência da variabilidade genética existente entre os indivíduos sobre as necessidades nutricionais, o estado de saúde e o risco de desenvolvimento de doenças. A nutrigenética tem como foco o estudo dos efeitos de variações no DNA, como polimorfismos de nucleotídeo único (SNP), variações de números de cópias (CNV) e inserções e deleções (INDEL) nas respostas biológicas à ingestão energética, de micro e macronutrientes e de compostos bioativos de alimentos (CBA). É válido ressaltar, inclusive, que a mudança de apenas um nucleotídeo já pode repercutir em variações de uma proteína inteira.

O genoma de seres humanos tem sequência de nucleotídeos cerca de 99,5% idêntica. Ou seja, todas as diferenças genéticas entre as pessoas, como cor dos olhos, tipo sanguíneo, composição corporal e risco para o desenvolvimento de DCNT, são determinadas por 0,5% de variações genéticas.
Um exemplo de polimorfismo é a fenilcetonúria, que é um erro inato do metabolismo de caráter autossômico recessivo (ocorre em 1:15.000 indivíduos). Ou seja, ela irá se expressar quando eu tiver 1 alelo defeituoso que veio do pai e 1 que veio da mãe.

Essa condição é ocasionada por mutações no gene que codifica a enzima fenilalanina hidroxilase, então o aminoácido tirosina se torna essencial na dieta e não mais condicionalmente essencial. A fenilalanina (Phe) é um aminoácido essencial, e o problema dessa doença é o acúmulo de Phe no corpo, que provoca efeitos neurológicos e tóxicos. Os indivíduos afetados toleram quantidades inferiores a 250 a 350 mg de fenilalanina por dia para manutenção das concentrações plasmáticas seguras do aminoácido.

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

Leia também sobre: Nutrição e imunodeficiências

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