Quando utilizar adoçantes polióis na nutrição

Postado em 04/08/2025 às 12h:15

Os adoçantes polióis, também conhecidos como álcoois de açúcar – como eritritol, xilitol, sorbitol e maltitol, são amplamente utilizados como substitutos do açúcar em alimentos “sem açúcar“. Esses compostos oferecem um sabor doce com menor ou nulo impacto glicêmico, o que os torna interessantes para pacientes com diabetes, sobrepeso ou em programas de controle glicêmico. 

Benefícios metabólicos e de controle glicêmico

Diferentes polióis apresentam impacto variável sobre a glicemia e a insulina:

  • Eritritol praticamente não altera a glicemia, com um índice glicêmico (IG) próximo de zero e baixa caloria (~0,2 kcal/g).
  • Xilitol tem um IG de aproximadamente 13 e fornece cerca de 2,4 kcal/g, mostrando um discreto aumento na insulina, mas sem comprometer o controle glicêmico.

Estudos (em modelos animais ou com resultados preliminares em humanos) também demonstram que eritritol e xilitol podem estimular a liberação de hormônios como CCK e GLP-1, o que pode atrasar o esvaziamento gástrico e reforçar a saciedade. Essas estratégias podem ser úteis para pacientes com obesidade ou diabetes.

No intestino, polióis como xilitol, isomalte, lactitol e maltitol podem ser fermentados pela microbiota, contribuindo para o crescimento de bifidobactérias e a produção de ácidos graxos de cadeia curta. Esses são considerados efeitos pré-bióticos, embora as evidências em humanos ainda sejam incipientes.
Já o eritritol é quase totalmente absorvido no intestino delgado e excretado, provocando mínimo impacto na microbiota intestinal.

Riscos gastrintestinais e tolerância

Um dos maiores desafios no uso de polióis é o potencial desconforto gastrointestinal. Polióis não absorvidos atraem água para o intestino e fermentam no cólon, o que pode provocar gases, distensão abdominal e diarreia.

  • Sorbitol e manitol podem causar sintomas com doses de 10 a 20 g.
  • Xilitol pode causar distensão a partir de 10 g, com efeitos mais fortes acima de 25 a 50 g. O eritritol, devido à sua alta absorção, geralmente é bem tolerado em doses mais elevadas (acima de 25-50 g), com relatos de desconforto em indivíduos sensíveis em doses a partir de 25 g, sendo a tolerância individual muito variável.

Pacientes com Síndrome do Intestino Irritável (SII) precisam de doses menores e uma introdução lenta, pois apresentam maior sensibilidade.
Embora o eritritol seja geralmente bem tolerado em doses elevadas, a tolerância individual pode variar, e a ingestão excessiva pode levar a desconfortos gastrointestinais. É importante observar as recomendações de uso em produtos específicos e a resposta individual do paciente. 

Diretrizes práticas para o nutricionista

Nutricionistas devem equilibrar o uso de polióis entre os benefícios e a tolerância individual do paciente. Sugestões práticas incluem:

  • Iniciar com doses baixas (até 10 g por porção), distribuídas ao longo do dia e associadas a refeições.
  • Preferir o eritritol em pacientes com SII, devido à sua alta tolerância.
  • Utilizar xilitol estrategicamente para prevenir cáries, particularmente em formulações como pastilhas e gomas de mascar.
  • Realizar acompanhamento clínico para monitorar sintomas gastrointestinais, ajustar doses ou substituir o adoçante, se necessário.
  • Orientar os pacientes a ler os rótulos para identificar polióis e enfatizar que seu uso deve fazer parte de um padrão alimentar equilibrado.

Protocolo de observação e ajuste na clínica nutricional

Avaliação Inicial

  • Identificar a presença de condições gastrointestinais (SII, disbiose, histórico de intolerância) e hábitos alimentares do paciente.
  • Analisar preferências alimentares e exposição prévia a adoçantes.

Orientação na Prescrição

  • Começar com doses baixas de polióis, preferencialmente eritritol em indivíduos sensíveis.
  • Distribuir a dose ao longo do dia, sempre associada a alimentos para reduzir desconfortos.

Monitoramento

  • Solicitar o registro dos sintomas gastrointestinais (flatulência, distensão, diarreia, cólicas).
  • Reavaliar após 1 a 2 semanas e ajustar a dose conforme a tolerância.

Educação do Paciente

  • Ensinar a leitura de rótulos para identificar tipos e quantidades de polióis.
  • Explicar que o uso deve ser parte de uma alimentação equilibrada e não um substituto de alimentos naturais.

Ajustes Finais

  • Para sintomas persistentes, reduzir a dose ou substituir por adoçantes naturais como a estévia.
  • Em casos de SII, aconselhar uma abordagem conjunta com um gastroenterologista e possível dieta low-FODMAP.

Quando usados com base científica, os polióis podem ser valiosos aliados para reduzir a carga glicêmica, aumentar a saciedade e proteger a saúde bucal. Entretanto, seu uso exige prescrição personalizada, atenção à tolerância gastrointestinal e educação do paciente sobre limites seguros. A atuação do nutricionista é crucial para transformar esses compostos em ferramentas eficazes e seguras no contexto clínico.

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