Rhodiola rosea na prática clínica: como prescrever com segurança
Postado em 16/10/2025 às 15h:45
A Rhodiola rosea, também conhecida como “raiz de ouro” ou “raiz do Ártico”, é uma planta adaptógena amplamente utilizada na fitoterapia moderna. Suas propriedades estão relacionadas à capacidade de aumentar a resiliência do organismo frente ao estresse físico, químico e emocional, modulando o eixo hipotálamo–hipófise–adrenal (HPA).
Nos últimos anos, evidências clínicas têm consolidado o uso da Rhodiola rosea como um recurso seguro e eficaz em protocolos voltados ao controle do estresse, fadiga, burnout e melhora do desempenho cognitivo e físico, tornando-se uma ferramenta valiosa na prática clínica do nutricionista.
Mecanismos de ação e compostos ativos
A Rhodiola rosea contém compostos bioativos como rosavinas, salidrosídeos, rosina e rosarina, responsáveis por seus efeitos adaptogênicos. Essas substâncias atuam modulando a atividade da serotonina, dopamina e noradrenalina, além de exercerem efeito regulador sobre o cortisol plasmático — contribuindo para uma resposta mais equilibrada ao estresse.
Estudos também demonstram ação antioxidante e anti-inflamatória, com redução da peroxidação lipídica e melhora da função mitocondrial, o que reforça o uso da planta em contextos de fadiga crônica, estresse ocupacional e baixa vitalidade.
Aplicações clínicas na nutrição
A utilização da Rhodiola rosea é particularmente interessante em situações em que há disfunção do eixo HPA e comprometimento energético associado a estresse prolongado. Entre as principais aplicações clínicas estão:
- Fadiga física e mental: melhora da resistência, concentração e produtividade.
- Estresse e burnout: regulação do cortisol e redução da sensação de exaustão.
- Apoio a planos de emagrecimento: atenuação da resposta ao estresse, que pode favorecer melhor adesão ao plano alimentar.
- Desempenho cognitivo: suporte à memória e foco, especialmente em períodos de alta demanda mental.
- Recuperação esportiva: potencial redução da fadiga pós-exercício e melhora da tolerância ao treino.
Para o nutricionista clínico, a prescrição de Rhodiola rosea pode integrar estratégias de suporte metabólico e neuroendócrino, associando-se a intervenções alimentares e outros fitoterápicos sinérgicos.
A indicação é especialmente válida em casos de:
- Fadiga persistente não explicada por déficit nutricional, associada a estresse ocupacional ou emocional.
- Queixas cognitivas leves (dificuldade de foco, baixa produtividade).
- Sintomas de exaustão ou burnout, com desequilíbrio do sono e do humor.
- Pacientes sob elevado nível de treinamento físico ou carga mental.
Por outro lado, o uso deve ser cauteloso em situações de:
- Transtornos psiquiátricos graves (como bipolaridade).
- Gestação e lactação, devido à ausência de estudos robustos.
- Uso concomitante de antidepressivos ou estimulantes centrais, que podem potencializar efeitos.
Evidências científicas recentes
Uma revisão sistemática publicada no Phytomedicine (2020) reuniu 36 estudos clínicos e observou que o uso de Rhodiola rosea apresentou redução significativa da fadiga e melhora da performance cognitiva e do humor, com baixo risco de eventos adversos.
Outros estudos (Darbinyan et al., Planta Medica, 2015; Panossian et al., Front Pharmacol., 2021) reforçam sua ação moduladora sobre o eixo HPA e seu papel como coadjuvante em quadros de estresse, ansiedade leve e fadiga mental.
Essas evidências sustentam o uso clínico racional e seguro da planta em contextos de alta demanda física e psicológica. Contudo, sua prescrição deve respeitar princípios de individualização, segurança e padronização do extrato, sempre com base em evidências atualizadas e acompanhamento clínico adequado.
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