Por Pietra Fogaça

Graduanda em nutrição pela UFRGS, antropometrista ISAK nível 1 e atleta de fisiculturismo.

Suplementação de glutamina e imunidade

Postado em 11/04/2025 às 08h:25

A glutamina é um aminoácido nutricionalmente não essencial na maioria das situações do organismo, ou seja, o nosso corpo consegue produzir endogenamente esse aminoácido. Ela atua na síntese proteica muscular, na conversão para glutamato e na sinalização como neurotransmissor, na reparação de células intestinais e na formação de energia. Essa formação de energia ocorre também nas células do sistema imune, sendo esse aminoácido visto como “essencial para a imunidade”.
Pensando nisso, será que suplementar glutamina realmente ajuda no sistema imune?
A resposta para essa questão é não!

A produção no corpo humano varia entre 40 a 80g, além de haver também o consumo diário de glutamina e de seu aminoácido precursor (glutamato) através da dieta. Logo, a quantidade suplementada (geralmente de 5 a 20g) costuma ser pequena perto da própria produção e ingestão calórica. Mas, mesmo assim, esse aporte pequeno NÃO demonstrou efetividade nos estudos controlados. Ao avaliarem atletas em dietas muito baixas em calorias, visando bater peso pré competição de lutas, o uso de 21g de glutamina não diminuiu o índice de infecções do trato respiratório superior.
Outros estudos controlados também não demonstraram diferenças na resposta a infecções comuns em atletas ou não-atletas.

É importante lembrar que o nosso sistema imune é bem complexo, tendo uma resposta inata e outra adaptativa, ou seja, não basta simplesmente dar um aminoácido e achar que as células irão funcionar mais avidamente.
Outro ponto é que o consumo energético das células é feito não apenas por glutamina, mas também por glicose, gerando energia no ciclo de Krebs.

Muitos podem argumentar que tomam glutamina e não ficam doentes, porém, tantas outras pessoas também tomam e raramente ficam com qualquer sintoma de gripes e resfriados. Tais condições dependem da resposta imune como um todo do paciente, de vacinas específicas para doenças específicas e até da sazonalidade que pode aumentar a chance de infecções gerando ambientes mais cheios e com mais pessoas com alta carga viral e de transmissibilidade, por exemplo.

Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição

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