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Platô no bulking e sinalização anabólica por Dudu Haluch

Postado em 06/11/2024 às 15h:30

A mTOR é uma das principais responsáveis pela ativação da síntese muscular, essencial para o crescimento dos músculos. No entanto, mantê-la constantemente ativada pode trazer efeitos negativos para o corpo. Neste conteúdo, vamos mostrar como o equilíbrio entre alimentação, jejum e estímulos é essencial para potencializar seus ganhos na hipertrofia, sem comprometer sua saúde.

A proteína mTOR está envolvida na sinalização da síntese proteica muscular (anabolismo) e é estimulada por fatores de crescimento (insulina, IGF-1), abundância de nutrientes (aminoácidos) e estado energético suficiente (superávit calórico). Um conjunto crescente de evidências sugere que a contração muscular também ativa o mTOR no músculo; potencialmente explicando, pelo menos em parte, como o aumento do uso muscular promove o anabolismo (Baar e Esser, 1999). Mudanças nas fontes de energia disponíveis após o jejum ou alimentação exigem alterações no metabolismo de todo o corpo para manter a homeostase.

Durante o jejum e a restrição calórica os níveis de nutrientes e fatores de crescimento (insulina, IGF-1) diminui, induzindo um espaço catabólico no qual as reservas de energia são mobilizadas para manter funções essenciais. Alternativamente, altos níveis de nutrientes no estado alimentado desencadeiam uma mudança em direção ao anabolismo e ao armazenamento de energia. Consistente com o seu papel na coordenação do metabolismo anabólico e catabólico a nível celular, estudos fisiológicos em ratos revelam que a sinalização mTOR também é essencial para a regulação metabólica adequada a nível do organismo.

É importante ressaltar, no entanto, que a ativação constitutiva do mTOR também está associada a resultados fisiológicos negativos (obesidade, resistência à insulina, doenças crônicas), indicando que a modulação adequada da sinalização do mTOR em resposta às mudanças nas condições ambientais é crucial. 

Embora a ativação aguda da sinalização da via mTOR in vivo promove hipertrofia muscular em curto prazo (Bodine et al., 2001), a ativação crônica da mTOR no músculo por meio da perda da proteína TSC1 (por manipulação genética) também resulta em atrofia muscular grave, baixa massa corporal e morte precoce, principalmente, devido à falta de incapacidade de induzir autofagia neste tecido (Castets et al., 2013). A autofagia é um mecanismo de manutenção celular e controle de qualidade de proteínas que pode remover proteínas e organelas danificadas ou defeituosas, por exemplo, mitocôndrias. Neste caso o processo recebe o nome de mitofagia. Já se sabe há algum tempo que a sinalização da via mTOR atua como um potente inibidor da autofagia.

O jejum e a restrição calórica aumentam a sinalização da proteína AMPK, que inibe a via mTOR e a síntese proteica, mas também é um importante indutor de autofagia associada à redução do metabolismo energético. Considerando que a renovação de tecidos velhos ou danificados (autofagia) desempenha um papel crítico no crescimento muscular, estes resultados sugerem que períodos alternados de alta e baixa atividade da via mTOR, como ocorre com ciclos normais de alimentação e jejum, são essenciais para manter a saúde e a função muscular ideais. Ou seja, a ideia de manter um estímulo anabólico constante (bulking prolongado, abuso constante de hormônios) parece ser problemática, pois prejudica a autofagia e parece comprometer a sensibilidade à sinalização anabólica. 

O platô na fase de ganho de massa muscular, bulking, parece ocorrer por uma perda de sensibilidade da resposta anabólica devido ao estímulo exacerbado da principal via de sinalização da síntese protéica, a via mTOR. Alternar fases de bulking e cutting parece ser um caminho melhor do que permanecer muito tempo em uma fase de bulking exagerando no consumo calórico, na ingestão de proteínas e no abuso de hormônios e, certamente, também é uma escolha melhor quando se trata de saúde e longevidade. Agora imagine que além de perder saúde e longevidade com esse tipo de estratégia, o fisiculturista também está perdendo tempo, pois não basta um estímulo potente para aumentar sua massa muscular, é necessário responder aos estímulos.

Ciclar proteínas também é uma possibilidade interessante, uma vez que as proteínas e os aminoácidos são potentes ativadores da via mTOR. Essa estratégia pode funcionar ainda melhor com a manipulação das calorias. Na fase low protein eu sugiro que a proteína fique muito baixa, ~0,8 a 1,0 g/kg, por alguns dias ou semanas.

Texto escrito por: Me. Dudu Haluch
Professor coordenador dos cursos de pós-graduação em Emagrecimento e MetabolismoNutrição Esportiva e Bioquímica e Metabolismo Humano na Faculdade UNIGUAÇU.

SOBRE O AUTOR:
Possui graduação em Nutrição (UNIBRASIL), bacharelado em física (UFPR), mestrado em física (USP); é autor de 4 livros e diversos e-books; coordenador de cursos de pós-graduação na UNIGUAÇU, professor de diversos cursos de pós-graduação; tem ampla experiência prática trabalhando com emagrecimento, hipertrofia muscular e preparação de atletas de fisiculturismo.

Dudu Haluch

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