Nutrição baseada em evidência x influência digital
Postado em 07/07/2025 às 16h:55
Nos últimos anos, a nutrição tornou-se pauta recorrente nas redes sociais. A popularização de conteúdos sobre alimentação e suplementação trouxe consigo uma avalanche de informações – muitas vezes desencontradas, simplificadas ou mesmo desprovidas de embasamento científico. Nesse cenário, o nutricionista que atua com responsabilidade e ética se depara com um desafio crescente: como equilibrar a prática clínica baseada em evidências com as pressões e tendências da influência digital?
A nutrição baseada em evidências como pilar da atuação profissional
A prática baseada em evidências (PBE) é o alicerce da atuação clínica responsável. Ela se apoia na integração entre três elementos fundamentais: a melhor evidência científica disponível, a experiência clínica do profissional e as preferências e particularidades do paciente.
Ao seguir esse modelo, o nutricionista se protege de modismos passageiros e garante que suas condutas estejam sustentadas por dados robustos, estudos revisados por pares e diretrizes clínicas atualizadas. Isso inclui desde a prescrição de suplementos até estratégias de dieta para condições clínicas específicas ou objetivos estéticos.
A influência digital e seus riscos na prática nutricional
A ascensão de influenciadores digitais – inclusive profissionais da área – moldou o comportamento alimentar de milhões de pessoas. Embora as redes possam ser aliadas na educação nutricional e na valorização da profissão, o ambiente online também amplifica práticas não éticas, como:
➡︎ Prescrições genéricas publicadas em massa;
➡︎ Generalização de condutas baseadas apenas em resultados pessoais;
➡︎ Divulgação de produtos sem respaldo técnico ou conflito de interesses não declarado;
➡︎ Redução da complexidade da ciência nutricional a conteúdos de fácil viralização.
Essas práticas não apenas comprometem a saúde pública, como enfraquecem a credibilidade da profissão.
Ética, ciência e comunicação: o tripé do nutricionista contemporâneo
Manter-se ético e atualizado não implica afastar-se da comunicação digital – pelo contrário. O nutricionista que domina a linguagem da ciência e saber traduzi-la de forma acessível ao seu público se diferencia no mercado. Algumas estratégias práticas incluem:
✔️ Produzir conteúdo com referências claras: citar estudos, revisões sistemáticas ou guidelines confere autoridade e responsabilidade à mensagem;
✔️ Adaptar a linguagem sem perder o rigor: é possível ser acessível sem ser superficial. Isso exige estudo contínuo e habilidade de síntese;
✔️ Estabelecer limites éticos nas redes: evitar prescrição pública, declarar conflitos de interesse e respeitar o Código de Ética da profissão;
✔️ Educar o público sobre senso crítico: fomentar o questionamento de promessas milagrosas e incentivar a busca por acompanhamento profissional.
Em resumo, a atuação do nutricionista no cenário atual exige mais do que conhecimento técnico: demanda responsabilidade ética, senso crítico e domínio da comunicação. Ao conciliar a nutrição baseada em evidências com uma presença digital responsável, o profissional não apenas protege a saúde dos pacientes, mas fortalece a imagem e o futuro da própria profissão. Em tempos de excesso de informação, ser fonte confiável é um diferencial inegociável.
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