Como funciona a conversão entre Testosterona e Estrogênio?
Postado em 24/11/2025 às 13h:55
A relação entre testosterona, estradiol e DHT é um dos temas mais importantes (e frequentemente mal compreendidos) dentro da saúde masculina, da endocrinologia esportiva e do desempenho físico.
Apesar de muitos homens acreditarem que o estrogênio é um “inimigo”, a realidade é completamente diferente: a aromatização é essencial para a saúde, libido, força e bem-estar.
A testosterona é o principal hormônio masculino e exerce funções essenciais para a saúde e o desempenho. Entre seus papéis mais importantes estão a manutenção da força e da massa muscular, a regulação da libido e da função sexual, além de contribuir para a disposição, o bem-estar e a motivação. Esse hormônio também participa diretamente da saúde óssea e influencia processos cognitivos, como foco e tomada de decisão. Em homens adultos, os valores fisiológicos de testosterona geralmente variam entre 300 e 800 ng/dL, faixa considerada normal para a maior parte da população.
Como a testosterona é convertida no corpo?
A testosterona pode seguir três caminhos principais:
1. Conversão em Estradiol (E2) via Aromatase — cerca de 0,5%
Essa conversão ocorre principalmente no tecido adiposo e é fundamental para diversas funções biológicas.
Com um nível de testosterona de 500 ng/dL, espera-se que o estradiol esteja, aproximadamente, entre 10 a 50 pg/mL, sendo 25 pg/mL um valor muito comum.
2. Conversão em DHT via 5α-redutase — cerca de 7 a 10%
O DHT, ou dihidrotestosterona, é um derivado da testosterona e possui ação ainda mais potente no organismo. Ele desempenha um papel importante na definição das características sexuais masculinas, na regulação da libido e na saúde da próstata. Além disso, o DHT influencia diretamente a densidade capilar, podendo contribuir para a queda de cabelo em pessoas com predisposição genética.
3. Testosterona livre, que exerce efeitos diretos nos tecidos
A fração ativa da testosterona é essencial para hipertrofia, força e performance.
Por que o estrogênio é importante para os homens?
Ao contrário do mito, homens precisam de estrogênio — especialmente da forma ativa, o estradiol.
O estradiol desempenha um papel fundamental no organismo masculino, atuando na regulação da libido, da função erétil e da saúde cardiovascular. Ele também influencia a sensibilidade à insulina, mantém a saúde óssea e contribui para a sensação de energia, vitalidade e estabilidade do humor. Quando seus níveis ficam muito baixos, diversos problemas podem surgir, como queda da libido, irritabilidade, dificuldade de ereção, dores articulares, perda de força e piora da sensibilidade à insulina. Por isso, bloquear a aromatização — processo natural de conversão de testosterona em estradiol — é um erro comum e potencialmente perigoso.
O mito do “estrogênio alto” no homem
Muitas pessoas confundem sintomas como retenção de líquidos, sensibilidade mamária ou ganho de gordura com um suposto “excesso de estradiol”, quando, na realidade, esses problemas frequentemente estão relacionados a outros fatores, como super dosagens de testosterona, desequilíbrio calórico, sensibilidade individual, processos inflamatórios ou até mesmo sono inadequado. O estradiol, isoladamente, raramente é o verdadeiro responsável pelos sintomas. Mais importante do que o valor absoluto desse hormônio é a proporção entre testosterona e estradiol e, principalmente, o contexto clínico que envolve cada indivíduo.
O que realmente acontece quando você usa inibidores de aromatase?
Bloquear aromatase (com anastrozol, letrozol, e exemestano etc.) reduz drasticamente o estradiol — algo prejudicial para a maioria dos homens.
Possíveis efeitos colaterais: perda de libido, queda de desempenho, irritabilidade e ansiedade, dores articulares, risco cardiovascular aumentado, prejuízo na hipertrofia.
Em resumo: a IA não deve ser usada sem indicação clínica rigorosa.
Como interpretar exames hormonais de forma correta?
Ao analisar testosterona e estradiol, considere:
1. Testosterona total (TT) – Idealmente dentro dos valores fisiológicos para a idade.
2. Testosterona livre (TL) – Mais relevante que a TT para avaliar sintomas.
3. Estradiol (E2) – Faixa fisiológica de 10–50 pg/mL, com valor médio de ~25 pg/mL.
4. Sintomas + contexto clínico – Nunca analise um exame isoladamente.
Conclusão: equilíbrio hormonal é mais importante que números isolados
A saúde hormonal masculina depende do equilíbrio entre testosterona, estradiol e DHT — e não da supressão de nenhum deles.
Compreender esse fluxo metabólico é essencial para interpretar exames, ajustar condutas, evitar erros graves em protocolos, otimizar saúde, performance e composição corporal.
Homens precisam de testosterona, mas também precisam de estrogênio — na medida certa.
Caso prefira, assista a seguir a explicação dada pelo professor Me. Dudu Haluch falando sobre o tema.
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