Creatina e cognição
Postado em 24/06/2023 às 09h:30
A creatina é um suplemento muito utilizado no meio esportivo, já que possui uma ótima comprovação científica (é nível A em evidência científica) quando pensamos em melhora da performance esportiva em esportes de alta intensidade e duração mais curta, como musculação, crossfit, lutas e corridas curtas (10 metros, por exemplo). Isso se dá pelo simples fato de ela atuar na ressíntese de ATP durante o exercício físico.
No entanto, atualmente, muito se fala sobre possíveis benefícios da suplementação de creatina na melhora do desempenho cognitivo e no aprendizado. Ou seja, em alguns estudos científicos, postula-se que a creatina seria capaz de atuar no cérebro melhorando funções cognitivas, mas será que isso realmente faz sentido?
Antes de suplementar a creatina achando que ela é a fórmula para a inteligência, é preciso olhar com cautela esses estudos, pois os dados e métodos desses trabalhos científicos são MUITO variáveis.
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Primeiramente, devemos entender que há diversos tipos de testes cognitivos que envolvem áreas como memória, fluidez verbal, velocidade de raciocínio, aritmética e jogos de dedução. Logo, não podemos olhar a cognição como uma “única entidade”, considerando que tais testes envolvem áreas e capacidades diferentes do encéfalo.
Além disso, há também diversos tipos de públicos estudados, que vão desde atletas a idosos ou até mesmo pessoas com privação de sono. Ou seja, não há como incluir todos no mesmo “balde”, toda essa variação de estudos recebe o nome de “heterogeneidade”.
Ou seja, quanto mais heterogêneo é um trabalho científico, mais difícil fica para avaliarmos para quem e para que realmente aquele estudo é válido
De forma resumida, há sim pequenos estudos sobre o tema, porém são extremamente heterogêneos e acabam estabelecendo a dúvida sobre a suplementação da creatina em diversos parâmetros ligados a cognição, mas não a certeza. Embora o suplemento seja seguro para a grande maioria das pessoas, ainda é cedo para afirmar seus benefícios nestes aspectos.
Texto por: Pietra Fogaça – Graduanda em nutrição